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Anais do VIII Encontro Nacional da Abrapso 2005 PDF Imprimir E-mail
 


Associação Brasileira de Psicologia Social
 
 
 
ABRAPSO 15 ANOS:
Perspectivas 
 
VIII Encontro Nacional Anais
 
19 a 22 de Julho de 1995 Fortaleza / Ceará
Presidente da ABRAPSO: Elton Luiz Chiaradia      Presidente da Comissão Organizadora: Altamir Aguiar
Realização:
Núcleo Ceará da ABRAPSO
Núcleo de Psicologia Comunitária-NUCOM/UFC
Instituto Participação
Apoio e Patrocínio:
Universidade Federal do Ceará-UFC
Centro de Humanidades/UFC
Departamento de Psicologia/UFC
Pró-Reitoria de Extensão/UFC
Conselho Federal de Psicologia - CFP
Conselho Regional de Psicologia - CRP- ll         Secretaria do Governo do Estado do Ceará-SEGOV
Nestes Anais constam apenas os trabalhos enviados para as comunicações, quer tenham sido apresentados ou não. A conferência e os debates das mesas redondas, bem como as decisões tomadas pela Assembléia Geral da ABRAPSO não estão aqui compiladas.
Anais compilados e editados pela Direção Nacional- Gestão 95/97. Zulmira Bomfim, Altamir Aguiar, Silvia B. Correia, Israel Rocha Brandão, Leoncio Camino, Ana Roberta M. Mendes e Juliana Castro
Chaves
Formatação final: Altamir Aguiar
 
 
Programação Básica
Conferência de Abertura: Psicologia social crítica no Brasil    Silvia Lane
Painel .Silvia Lane: 30 anos de psicologia social.
Mesa redonda l: Ensino, pesquisa e extensão em psicologia social        Renê Barreira (Pró Reitoria de Extensão/UFC)
Neide Nóbrega (UFRJ)
Lucas Barbosa (FUNCAP)
Cecília Pescattore Alves (PUC/SP) Leoncio Camino (UFPB)
Coordenador: Altamir Aguiar (ABRAPSO/CE)
Mesa redonda 2: Políticas regionais de desenvolvimento social        Assis Machado (Secretaria do Governo - CE)
Claudio Ferreira Lima (Secretaria de Planejamento - CE) Cezar Wagner de Lima Góis (UFC)
Mirella Alves de Brito (Conselho Tutelar de Florianópolis) Pedrinho Guareschi (PUC/RS)
Coordenador: Israel R. Brandão (Instituto Participação)
Mesa redonda 3: ABRAPSO 15 anos Silvia Lane (PUC/SP)       Andréa Zanelli (UFSC)       Ângela Arruda (UFRJ)      Ângela Caniato (UEM)         Beth Bonfim (UFMG)       Fátima Quintal (UFES)
Coordenadora: Zulmira Bornfim (UFC)
Mesa de encerramento: Perspectivas da psicologia social no Brasil Leoncio Camino (UFPB)
Cezar Góis (UFC)
Ângela Arruda (UFRJ)
Milton Athayde (UFPB)
Coordenadora: Kátia Maheirie (ABRAPSO Nacional)
Comunicações:
Neide Pereira Nóbrega (UFRJ) Pedrinho Guareschi (PUC/RS) Não aconteceu
Fátima Vasconcelos (UFC) Fátima Quintal (UFES)
Karin Ellen von Smigay (UFMG) Milton Athayde (UFPB)     Elizabeth Bonfim (UFMG)
As problematizações das diferenças            Representação social. ideologia e mudança           Práticas socioculturais e organização do saber   Educação, psicologia e cidadania
Psicologia comunitária
Instituições, violência e vida social
Saúde, trabalho e desenvolvimento social         Psicologia, meio ambiente e qualidade de vida
 
 
Sumário
    AS PROBLEMATIZAÇÕES DAS DIFERENÇAS     ........10
O ADOLESCENTE E A PARENTALIDADE: HÁ EXPECTATIVAS ATRIBUÍVEIS AO GÊNERO? ......................................................................11
A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E DA IDENTIDADE DE GÊNERO E A SUA RELAÇÃO COM OS ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO.........................................................................................................12
OS COMPORTAMENTOS DE FICAR E NAMORAR EM JOVENS: CONCEITO E DIFERENCIAÇÕES...............................................................13
ENCONTROS  E  DESENCONTROS  NA  CONSTRUÇÃO  DO PROJETO
     PROFISSIONAL DE HOMENS E MULHERES...........................................14
AS PEQUENAS DIFERENÇAS. NA CONSTITUIÇÃO DAS SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS.................................................15
MOVIMENTO DE MULHERES DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA: O INSTINTO DE INVESTIGAÇÃO QUE INSTIGA, MOVE (REMOVE)......16
    REPRESENTAÇÃO SOCIAL, IDEOLOGIA E MUDANÇA .....................    17
NOVAS SENSIBILIDADES RELATIVAS AO MEIO AMBIENTE:
    REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ECOLOGISTAS E ECOFEMINISTAS     .........................................................................................................................18
DESENVOLVIMENTO DAS EXPLICAÇÕES E CRENÇAS SOBRE AS DIFERENÇAS SOCIOECONÔMICAS EM CRIANÇAS E JOVENS DE JOÃO PESSOA ..............................................................................................19
O ESPAÇO DA PSICOSSOCIOLOGIA .......................................................20
A IDENTIDADE ENTRE O FAZER PSICOLÓGICO E SUAS REPRESENTAÇÕES NO SENSO COMUM................................................21
    AUTORITARISMO E DESENVOLVIMENTO MORAL ...........................22
    CRENÇAS SOCIAIS DE ASCENSÃO SOCIAL DE MENINOS DE RUA     ........................................................................................................................23
FAMÍLIA: UM ESTUDO DE IDENTIDADE E  DE SUAS  RELAÇÕES  DE
       PODER............................................................................................................24
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PEQUENOS PRODUTORES ITALIANOS:     UM ESTUDO SOBRE IDENTIDADE SOCIAL     :...............25
ESPAÇO POLÍTICO E VALORES - UMA ANÁLISE PSICOSSOCIOLÓGICA DO     PENSAMENTO POLÍTICO DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA.................................................................27
O DESENVOLVIMENTO DAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS DIFERENÇAS     SOCIOECONÔMICAS EM CRIANÇAS.............................28
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA CIDADE DE FORTALEZA ..................29
A  IMPORTÂNCIA  DA  EXPERIÊNCIA GRUPAL  NA  MUDANÇA  DA
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA............31
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E 00 ADOLESCENTE NO BOLSÃO SABARÁ........................................................................................32
A PALAVRA COMO DOMINAÇÃO: A APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO DE FANTASIA. POR IGREJAS NEO-PENTECOSTAIS....33
PRÁTICAS SOCIOCULTURAIS E ORGANIZAÇÃO DO SABER...........35
 PESQUISA-AÇÃO, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ECOLOGIA, DADOS DEMOGRÁFICOS, EPIDEMIOLÓGICOS: UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃ0..........................................................................................36 IDENTIDADE DA IDENTIDADE - BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM CONCEITO............................37
INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL NA RESOLUÇÃO DE
      PROBLEMAS     38
    EDUCAÇÃO, PSICOLOGIA E CIDADANIA.............................................39
4
 
DO DESEMPENHO DE PAPÉIS À IDENTIDADE DO EU: O PROCESSO DE  IDENTIDADE DE UMA JOVEM ADOLESCENTE...40
    EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: EM! BUSCA DA CIDADANIA ....    41
    ESCOLA E MEIO LOCAL: REALIDADES E REPRESENTAÇÕES     42
ATIVISMO POLÍTICO E PERCEPÇÃO DA VIOLÊNCIA SOCIAL EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS. UMA ANÁLISE EM TERMOS DE
    CRENÇAS SOCIAIS.................................................................................43
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E CIDADANIA: UMA ANÁLISE PSICOSOCIAL ..........................................................................................44
    ESPAÇO LÚDICO E DESENVOLVIMENTO DA IMAGINAÇÃO ......45
CONSELHOS MUNICIPAIS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁ- VEL - CMDS: A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA A PARTIR DO FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE E DA CONSCIÊNCIA .........46
A PRÁTICA DA SUPERVISÃO: DESNATURALIZANDO OS TERRITÓRIOS DO PROFESSOR E DO ALUNO...................................48
ESTUDO SOBRE REPRESENTAÇÃO MENTAL DAS CRIANÇAS DAS CAMADAS POPULARES E AS REPERCUSSÕES PARA O FRACASSO ESCOLAR.............................................................................50
EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS: POTENCIALIZANDO PEQUENAS REBELDIAS COTIDIANAS...............................................51
CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES ENTRE A VIDA POLÍTICA E A VIDA COTIDIANA: CONCEPÇÕES DE MORADORES DA GRANDE VITÓRIA, ES, DURANTE O PROCESSO ELEITORAL PARA GOVERNO DO ESTADO..............................................................53
CULTURA POLÍTICA E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO PARANÁ ...................................................................................................54
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA .........................................................................55
VIDA E SAÚDE: PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ATRAVÉS DO RÁDIO .......................................................................................................56
A INFÂNCIA NO BRASIL: TRAGÉDIAS E ESPERANÇA...................58
DESENVOLVIMENTO INFANTO-JUVENIL.........................................59
PERSPECTIVAS DOS ESTUDANTES DE PSICOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA SOBRE AS POSSIBILIDADES DE PRÁTICA PARA A PSICOLOGIA EM COMUNIDADE .......................60
INSTITUIÇÕES, VIOLÊNCIA E VIDA SOCIAL..............................................61
DESENVOLVIMENTO DOS RELACIONAMENTOS SOCIAIS: A RUA COMO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO ..................................................62
SOBRESTAR: UMA PRÁTICA PARADOXAL NA DELEGACIA ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA A MULHER DE BELO HORIZONTE?............................................................................................63
A SÓCIO PSICOTERAPIA RAMAIN-THIERS COMO PROCESSO DE
REINTEGRAÇÃO PARA JOVENS INFRATORES................................65
CRIME, LEI E PSICANÁLISE.................................................................66
VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA: UM ESTUDO DOS PROCESSOS CRIMINAIS NO FÓRUM DA COMARCA DE ASSIS NO PERÍODO DE 1980 A 1994................................................................................................67
RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E PRÁTICA PROFISSIONAL ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O COTIDIANO DO MANICÔMIO JUDICIÁRIO (MJ) NA PERSPECTIVA DE SEUS FUNCIONÁRIOS.......................................................................................68
FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM BELO HORIZONTE .............................................................................................70
SAÚDE, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL....................71
TRABALHO E SAÚDE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO..................72
SOFRIMENTO PSÍQUICO E TRABALHADORES DE SAÚDE     73
5
 
RELAÇÔES DE TRABALHO E DIFERENÇAS DA QUALIDADE DO PROCESSO DE ENVE LHECIMENTO...................................................74
DIVERSIDADE CULTURAL E LINGÜÍSTICA: A CLÍNICA COM UM OLHAR PSICOSSOCIAL.........................................................................75
FORMAÇÃO NA AÇÃO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE JOÃO PESSOA............................................76
PROJETO DE ANÁLISE E REFORMUI.AÇÃO DE UM PROGRAMA DE PLANEJAMENTO FAMILIAR - EXPERIÊNCIAS EM UM HOSPITAL-ESCOLA................................................................................77 COTIDIANO E EMOÇÕES NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: ANÁLISE PSICOSSOCIAL DA HIPERTENSÃO ESSENCIAL............79
TRABALHO DOCENTE E SAÚDE.........................................................80
SAÚDE E TRABALHO DE TELEFONISTAS: CONSULTORIA COMO
ESTRATÉGIA DE AÇÃO DO CERESAT...............................................81
COMUNICAÇÃO E INTELIGÊNCIA COLETIVA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE TRABALHO, SAÚDE E VIDA     SOCIAL..........................................................................................82
    COLETORES DE LIXO - CONDIÇÔES DE SAÚDE E TRABALHO...83
PSICOLOGIA SOCIAL E SAÚDE PÚBLICA.........................................84
    ATENDIMENTO CLÍNICO NO POSTO DE SAÚDE DO JARDIM DO SOL     85
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA NO CONTEXTO URBANO DA REALIDADE BRASILEIRA...........................................86
A DIVERSIDADE CULTURAL E LINGÜÍSTICA: ABORDANDO O UNIVERSO DOS CULTOS AFRO- BRASILEIROS..............................88
EDUCAÇÃO E TRABALHO: QUEM É CAPAZ?         89
PSICOLOGIA, MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA     91
RECICLANDO O COTIDIANO - UM ESTUDO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO LIXO..............................................92
RESISTÊNCIA PSICOLÓGICA E CONDIÇÕES DE VIDA EM MULHERES DE BAIXA RENDA ......................................................... .93
O PACIENTE E A INSTITUIÇÃO: QUE QUALIDADE DE VIDA?.....94
ESTUDO DA IDENTIDADE DE UMA ÍNDIA BORORO (A BUSCA DO ENTENDIMENTO DE COMO O CONFRONTO ENTRE A CUL- TURA INDÍGENA E A AUTO-DENOMINADA CIVILIZADA SE REFLETE NA CONSTITUIÇÃO DE UMA IDENTIDADE)..................95
VÍDEO DE (E COM) JOVENS DA PERIFERIA DE SÃO PAULO.....102
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM MULHERES HIPERTENSAS: ABORDAGEM     PSICOSSOCIAL...........................................................103
6
 Índice por Autor
    A. C. B. Silva             67
    A. C. Machado             85
    Adriana Fontes Meio             38
    Adriana Souza             22
    Adriano R. A. Nascimento             13; 68
    Alberto Arruda             43
    Alexandre Magno T. de Carvalho             73
    Aline Maria Barbosa Domício             .46
    Ana Cláudia C. Barreto     .        .48; 51; 89
    Ana Lúcia Coelho Heckert             .48; 51; 89
    Ana Maria Gonzatto                 59
    Ana Paula L. Gianesi                 24
    Andréa Dircksen         ..        45
    Andréa Fernanda Silveira                 56
    Ângela Arruda                 18
    Anísio José da S. Araújo                 72
    Annunciata Bonini                 36
    Antônio Merisse                 58
    Ariane Kuhnen                 92
    Bernadete Oliveira                 76
    Betânia Moreira de Moraes                 46
    Cândida Maria de Oliveira Martins             :     66
    Carla Brandão                 19
    Carla Cristina Queiroz Campos                 50
    Carla Maciel                 19
    Cecília Pescatore A1ves                 21; 40
    Cibele Motta                 22
    Cláudia Regina do Val Claure             ..48; 51; 89
    Cláudio Sérgio Maffioleti             74
    Cristiana Rocha Façanha             29
    Cristiane Teles             .48; 51; 89
    Cristiane Cabral             22
    Danielle M. de Sátiro             75
    Débora de Hollanda Souza             12
    Dirce Maria Bengel de Paula             86
    E. C. Rodrigues             85
    Edil Ferreira da Silva             76; 81
    Eduardo C. Ceotto             .48; 51; 89
    Eleneide da Silva             44
    Eliana Ismael Costa             28
    Eliane Moura             44
    Elizabeth Maria Andrade Aragão             .48; 51; 89
    Elizabeth Moreira dos Santos             73
    Elizabeth S. Amaral             13
Emerson Luiz Perez ............................................................................................................... 59
    Emílio Médici Nolasco     .48; 51; 89
    Eniel Oliveira     88
7
 
    Evelyze G. Louzada                     13
    Fátima O. de Oliveira                     33
    Fátima Vicentini Abreu                     .48; 51; 89
    Fernão C. Ciampa                     102
    Flávia Berton                     36
    Florinalva B. de Melo                     72
    Genilce R. Cunha                     77
    Claudia M. Queiroz                     77
    Craziela C. Werba                     33
    Helder Muniz                     76
    Helena lins             ....         76
    Helena Muniz                     76
    Iorrana F. de Menezes                     13
    Jacyara C. Rochael Nasciutti                     20; 94
    Jaillella de Araújo Menezes                     50
    Jerusa Zanotelli                     .48; 51; 89
    Joselí da Costa                     .44
    Juliana O. Braga                     77
    Karin Ellen von Smigay                     63
    Karina Galvão Adrião         .             88
    Kátia Maheirie                     22
    Laura Jane Vilanova Maia                 .     32
    Leni Teixeira Lins                     72
    Lenita Balekian                     66
    Leoncio Camino         19; 27; 28; 43; 44
    Leonor de O. Costa         73
    Lissandra Cristina Fieltz         45
    Louíse Amaral Lhullier         22
    Lourdes Brasil         36
    Lúcia Ghissalberti         102
    Luciano de Sousa Silva     .     80
    Luziane A. Ruela         .48; 51; 89
    Lydia Akemi Onesti         85; 93
    Madalena Q. do Nascimento         81
    Magali Cecili Surjus Pereira         41
    Márcia Cruces Cuevas         .48; 51; 89
    Márcia Lins Mangueira         .48; 51; 89
    Márcio César Ferraciolli             32
    Marcus Eugênio Oliveira Lima             27
    Maria Ângela M. Perondi             24
    Maria Consuelo A. Ferreira             45
    Maria de Fátima Pereira             62
    Maria de Fátima Quintal de Freitas             53; 60; 68
    Maria de Fátima Vasconcelos da Costa         .     50
    Maria Elizabeth Barros....         .48; 51; 89
    Maria Eunice Figueredo Guedes         16
    Maria Ignez Costa Moreira         70
    Maria Joacineide de Macêdo         23
    Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro         21
    Maria Lúcia Miranda Afonso         70
    Maria Tereza Castelo Branco         32; 45
8
 
    Marta Tereza de Mello Barreto Campello         15
    Mário Ângelo Silva                 84
    Marlene Neves Strey     .             14
    Marlito de Sousa Lima                 21
    Mary Yale Rodrigues Neves                 72; 80
    Michel Thiollent                 36
    Milton Athayde                 80; 82
    Mônica F. S. Araújo                 .48: 51; 89
    Nadir Zago                 42
    Neide Pereira Nóbrega                 11; 94
    Nilma Marta U. de Medeiros                 72
    Nilton Silva                 76
    Nives Tomoso                 36
    Patrícia Cardoso Campos..                 .45
    Pedrinho Guareschi                 33
    Pollyana K. G. Rocha         .         13
    Priscila de Sousa Gadelha Costa             50
    R. C. Sant’Anna             85
    Regina Helena de Freitas Campos..             12
    Regina Lúcia Souza             48; 51; 89
    Rejane da Conceição Barbosa Gonçalves             12
    Roberta Kovac             24
    Rosa T. Espejo             22
    Rosália Lemos..             36
    Rosana Kátia Nazzari             54
    Rosivani Mauzoli             .48; 51; 89
    Samuel Louzada Castro de Oliveira                 .48; 89
    Sanzia de Souza     .             44
    Sarita Brasão Vieira             .     72
    Sheila Lima Garcia                 50
    Sidney Delboni de Moraes                 45
    Simone S. da Silva                 72
    Solange Mascarenhas Bonfatti             .48; 51; 89
    Solange Thiers             65
    Sônia Grubits Gonçalves de Oliveira             65; 95
    Sônia Pinto de Oliveira             .48; 51; 89
    Stella Cortes Badiz Berbel...             66
    Sueli Terezinha Ferreira Martins             31; 79; 103
    Suerde Miranda O. Brito             23
    Susana Kramer de Oliveira             50
    Tábata G. Lopes             68
    Taciana Nunes Martz             38
    Tereza Luiza Ferreira dos Santos             83
    Thelma Maria Grisi Velôso             25
    Vanessa de Almeida Basso             45
    Veriana de Fátima Rodrigues Colaço         .     50
    Vital Brasil Xavier da Silva             67
    Wison José Alves Pedro             37
    Zulmira Áurea Cruz Bonfim             29
9
 
AS                   PROBLEMATIZAÇÕES DAS DIFERENÇAS
Coordenadora:
Neide Pereira Nóbrega
 
o ADOLESCENTE E A PARENTALlDADE: HÁ EXPECTATIVAS ATRIBUÍVEIS AO GÊNERO?
Neide Pereira Nóbrega                Professora do Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro
A partir de pesquisas realizadas com adolescentes, podemos levantar algumas questões no que se refere ao valor atribuído por estes à parentalidade, assim como às características ou qualidades necessárias para o desempenho adequado das funções materna e paterna.
Os sujeitos desta pesquisa pertencem ao segmento privilegia-do da sociedade brasileira, tendo sido socializados em grupos que vivenciam no cotidiano formas diferentes de organização familiar, onde não se apresenta, de modo tão demarcado, a tradicional divisão sexual de papéis. No contexto destas famílias, as tarefas que dizem respeito ao cuidado dos filhos, a manutenção da casa, não são exerci-das exclusivamente pela figura feminina, o que poderia nos indicar a possibilidade de produzir modificações aos atributos tradicionalmente referidos às figuras materna e paterna.
Se considerarmos que, as características vistas como inerentes a mãe e pai estão referenciadas à divisão de uma esfera pública e uma privada, o que especifica atribuições diferenciadas para homens e        mulheres, é pois extremamente relevante analisar como novas formas de organização familiar e/ou doméstica influem nas concepções e definições das funções materna e paterna.
Portanto nosso interesse é investigar em grupos em que no universo doméstico não há uma divisão sexual do trabalho, nítida ou rígida, quais as implicações disto para o lugar da maternidade /paternidade na perspectiva do sujeito. Ou ainda evidenciar a partir das representações destes papéis, se o marido/pai continua definido enquanto líder instrumental do grupo, e se a mulher/mãe continua a ser percebida como a figura que deva desempenhar papéis sociais de natureza expressiva, aqueles voltados para os assuntos internos da casa e da família, privilegiando-se o lugar de dona de casa e principalmente, o modelo de mãe.
11
 
A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E DA IDENTIDADE DE GÊNERO E A SUA RELAÇÃO COM OS ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO
Débora de Hollanda Souza                      Regina Helena de Freitas Campos           Rejane da Conceição Barbosa Gonçalves Universidade Federal de Minas Gerais
 
Investigou-se a construção do conceito e da identidade de gênero e sua relação com estereótipos sociais de gênero. Trinta meninos e trinta meninas foram subdivididos em 5 grupos representativos dos períodos pré-operatório, operatório concreto e operatório formal descri-tos por Piaget. Treze figuras categorizadas como femininas, masculinas e neutras foram apresentadas e os sujeitos questionados quanto à            identificação com o modelo e a sua motivação. Pensava-se que a influência dos estereótipos diminuiria ao longo do processo de construção do conceito e identidade de gênero. Entretanto, os resultados evidencia-ram que: no período pré-operatório, os sujeitos apresentam uma menor consistência da presença e força deste; no operatório concreto, demonstram uma maior consistência deles e de sua influência na motivação; no operatório formal, verificou-se a internalização dos estereótipos, passando estes a fazer parte da própria identidade dos sujeitos. Estes resultados revelaram um movimento em direção ao equilíbrio entre as preferências e as exigências sociais.
12
 
OS COMPORTAMENTOS DE "FICAR" E NAMORAR EM JOVENS: CONCEITO E DIFERENCIAÇÕES
Adriano R. A. Nascimento   Elizabeth S. Amaral                Evelyze G. Louzada                Iorrana F. de Menezes          Pollyana K. G. Rocha         Estudantes do Curso de Psicologia
Universidade Federal do Espírito Santo
Nos anos 80/90, surgiu um novo padrão no relacionamento afetivo entre jovens: O ficar, visto como uma variação do tradicional namoro, porém com maior permissividade, ocorrendo paradoxalmente na mesma época do fenômeno AIDS. O objetivo deste estudo foi conhecer as características do comportamento de ficar: como ocorre, seus aspectos psicossociais, seus objetivos e conseqüências e suas diferenciações em relação ao namoro, em jovens de classe média alta. Foi elaborado um questionário com 34 questões abertas e fechadas agrupadas em 6 categorias: o conceito de ficar e namorar, relações com a família, o grupo social, sexualidade, afetividade. Atuaram como sujeitos 200 jovens (50% de cada sexo), com idade entre 16 e 25 anos, estudantes de 2º e 3º graus, em Vitória Velha/ES. A análise de conteúdo mostrou que o conceito de ficar está associado a descompromisso e pequena duração, em contraste com namorar, que implica em fidelidade, permanência e segurança em relação à AIDS. Medidas sexuais preventivas eram adotadas somente nas situações de ficar, nas quais os parceiros eram rotulados como galinhas e excluídos das relações de namoro. Neste sentido, concluímos que ficar não é uma variação do namoro, mas um comportamento distinto; sendo ambos uma manei-ra de se autoconhecer e adquirir experiências e informações sobre a sexualidade. Diante da escassez de pesquisas sobre o tema, parece relevante a realização de trabalhos na área, produzindo conhecimentos sobre essas relações e sua influência no processo de construção da identidade pessoal e sexual dos jovens.
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ENCONTROS E DESENCONTROS NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO PROFISSIONAL DE HOMENS E MULHERES
Marlene Neves Strey UNISINOS
PROBLEMA QUE DEU ORIGEM AO TRABALHO: Há muitos anos trabalhando em orientação vocacional, a autora começou a estudar o fato das mulheres se dirigirem a certas profissões e os homens a outras. O tema do presente trabalho, especificamente, começou durante o Mestrado em Psicologia Social e Personalidade na PUC/RS e depois continuou no Doutorado em Psicologia Social na Universidade Autônoma de Madrid.
OBJETIVOS: Este trabalho tem como objetivo apresentar em que se diferenciam homens e mulheres na construção do projeto profissional e em outros aspectos da vida.
METODOLOGIA: Sujeitos: 954 homens e mulheres estudantes e profissionais da cidade de Madrid (Espanha). Instrumentos: Questio-nários. Análise dos dados: Estudo descritivo (freqüências absolutas, percentagens, médias e desvio padrão); Análise Exploratória (abordagem univariada: Prova de T-Student-Fisher, Qui-Quadrado; Abordagem multivariada: Análise Fatorial Discriminante).                   RESULTADOS MAIS SIGNIFICATIVOS: De uma maneira geral, as mulheres estudadas têm uma disposição mais igualitária e .progressista. que os homens estudados; as profissionais apresentam uma preocupação pela segurança no emprego, buscando compatibilizar a vida de trabalho e família, valorizando mais a ajuda que seu trabalho possa significar para as outras pessoas que os aspectos financeiros do exercício profissional. Apresentam grande interesse em alcançar desenvolvi-mento profissional pleno, inclusive em maior grau que os homens pesquisados. As variáveis que maior importância discriminante tiveram entre os grupos enfocados foram as que diziam respeito a valores tradicionais e .não tradicionais.
CONCLUSÕES: Existem diferenças significativas entre homens e mulheres. Embora os homens tenham apresentado uma mudança em direção à busca de uma maior igualdade entre homens e mulheres, ainda estão muito aquém do desenvolvimento alcançado pelas mulheres neste sentido.
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"AS PEQUENAS DIFERENÇAS" NA CONSTITUIÇÃO DAS SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS
Maria Tereza de Mello Barreto Campello Universidade Federal da Paraíba
 
Em trabalho anterior. A diferença, um princípio ético?,          apresentado na jornada do Círculo Psicanalítico de Pernambuco, abril de 1994 . problematizei a Diferença como significante da ação humana. Sugeri neste trabalho que, tal como o de Falta, proposto por Lacan, este significante implica na crença da necessidade de princípios universalistas, a-históricos e estruturais no estudo dos modos de subjetivação contemporâneos. Sugeri também que a Diferença tomada como um valor e um imperativo ético descontextualizado. Seja Diferente conduziria a éticas do tipo mínimo eu como analisadas por LASH, através da negação da história e da tradição. Neste ensaio pretendo, permanecendo no campo teórico, propor que o conceito freudiano de pequenas diferenças é uma ferramenta útil para analise e estudo dos modos de subjetivação contemporâneos e para a avaliação ética de teorias psicológicas.
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MOVIMENTO DE MULHERES DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA: O INSTINTO DE INVESTIGAÇÃO QUE INSTIGA, MOVE (REMOVE)...
Maria Eunice Figueredo Guedes Universidade Federal do Pará
O presente trabalho pretende entender como estão se       construindo relações sociais de gênero no interior de movimentos sociais. Utilizamos categorias como camponês, movimentos sociais e gênero a partir do trabalho de campo em uma área de fronteira, o município de São João do Araguaia, onde realizamos uma série de entrevistas com homens e mulheres rurais, moradores de diversas comunidades do município. Ao realizarmos este trabalho empírico tivemos que utilizar outras ferramentas para entender o processo de construção das relações sociais. Assim, se fez necessário refletir sobre a relação           pesquisadoras(es) e sujeitas(os) da pesquisa, no sentido das intersubjetividades presentes nesse diálogo, como colocam BRANDÃO (1984), CARDO-SO (1986) e FREUD (1906), este, último discorrendo sobre o trabalho intelectual. Incorporamos também trabalhos de GUATTARRI (1986) e BURIN (1987) para entender comportamentos, de mulheres e homens, oriundos da dificuldade de conciliar o privado e o público, e onde detectamos assimetrias nas relações de gênero. Alguns elementos        inerentes ao cotidiano dessa comunidade, grupo como a educação diferenciada, a divisão assimétrica das tarefas domésticas, a articulação e movimentação de encontros de mulheres, homens e mistos, a construção de um espaço de reflexão feminina. o grupo de mulheres do STR de São João do Araguaia tem possibilitado novas redes de relação e novos discursos sobre ser mulher e ser homem. Será que esses elementos são embriões de novas relações de gênero? Entender e clarear este processo que está ocorrendo é nosso objetivo com este trabalho.
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REPRESENTAÇÃO SOCIAL, IDEOLOGIA E MUDANÇA
Coordenador:
Pedrinho Guareschi
 
NOVAS SENSIBILIDADES RELATIVAS AO MEIO AMBIENTE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ECOLOGISTAS E ECOFEMINISTAS
Ângela Arruda
Depto. de Psicologia Social do Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro
Esta pesquisa, realizada no quadro do doutorado de Psicologia Social da USP, acompanhou 2 grupos ecologistas e 2 ONGs eco-feministas cariocas. Foi feito inicialmente um levantamento da       constituição e da trajetória dos dois tipos de movimento no Rio de Janeiro, como contextualização. Procedeu-se então à análise da produção escrita/radiofônica da amostra e a 30 entrevistas semidiretivas, com o objeto de identificar, por intermédio do estudo das representações sociais segundo a teoria de Serge MOSCOVICI e Denise JODELET, a       contribuição daqueles grupos para uma nova sensibilidade ao meio ambiente.
Partiu-se do princípio de que estas representações se ancoravam na informação e na experiência de ação dos grupos, enraizando-se ademais, de alguma forma, no imaginário brasileiro referente à natureza e ao meio ambiente em geral. Os resultados indicam, com efeito, uma presença marcante da floresta no universo representacional de um dos grupos, da cidade entremeada pela natureza no de dois grupos, e da mulher como fonte de vida semelhante à terra entre as ecofeministas. Cada um destes universos contém uma compreensão e uma proposta de relação humana com o ambiente.
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DESENVOLVIMENTO DAS EXPLICAÇÕES E CRENÇAS SOBRE AS DIFERENÇAS SOCIOECONÔMICAS EM CRIANÇAS E JOVENS      DE JOÃO PESSOA
Carla Maciel
Aluna do Mestrado em Psicologia Social Carla Brandão
Bolsista APB
Leoncio Camino
Professor do Mestrado em Psicologia Social Universidade Federal da Paraíba
O objetivo desta pesquisa é analisar o desenvolvimento das explicações das diferenças sociais e expectativas de ascensão social sob dois aspectos: a idade e o meio social, verificando assim a influência destes nas explicações e crenças sociais.
Entende-se por explicação das diferenças sociais, o processo de atribuir causas à existência de diferentes grupos econômicos. Já os sistemas de crenças sobre ascensão social referem-se às expectativas dos membros de uma sociedade, de ascender na escala social. Tais expectativas são definidas por TAJFEL (1988), através de dois sistemas de crenças: mobilidade social (crença num sistema social permeável e flexível à ação dos sujeitos, independente da ascensão dos demais membros de seu grupo) e, mudança social (a ascensão de um indivíduo não poderá ocorrer individualmente uma vez que está vinculada à ascensão dos demais membros do grupo que pertença).
A amostra foi composta por 175 sujeitos de ambos os gêneros e de 8 a 16 anos. Observou-se que tanto em função de idade quanto ao meio ambiente social, a existência da riqueza foi atribuída ao esforço pessoal. Já a existência da pobreza, apesar de não ser explicada pelos sujeitos de 8-9 anos, foi atribuída, a causas sociais pelos 15-16 anos. Com relação a influência do meio, constatou-se uma dispersão das respostas nos estudantes de ambas escolas ao explicar a pobreza,           enquanto que os filhos de dirigentes sindicais a atribui à fatores sociais. No que se refere às crenças nas possibilidades de ascensão social, os sujeitos acreditam na mobilidade social. Tratando-se de mudança social, ou seja, como poderá deixar de existir pobres, observou-se que sujeitos dos três grupos de idade ressaltam o fator ajuda externa. como solução para tal aspecto, no entanto, grande parte dos sujeitos de 15-16 anos também ressalta a ação social como meio de ascensão.
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o ESPAÇO DA PSICOSSOCIOLOGIA
Jacyara C. Rochael Nasciutti             Mestrado EICOS - Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro
O presente trabalho propõe-se a discutir a Psicossociologia como área do Saber, a partir de algumas suposições de ordem           epistemológica concernentes ao caráter dialético que comporta esta disciplina.
Conceptualiza-se assim, o social e o psicológico. e analisa--se a articulação que a Psicossociologia procura realizar na constituição do seu corpo teórico, nas metodologias que adota e em sua prática.
Caracteriza-se o objeto de estudo da psicossociologia como objeto complexo, atravessado por múltiplos determinantes (de ordem social e de ordem psíquica), o que implica situá-la num campo inter-disciplinar.
Discute-se, finalmente, sobre as implicações decorrentes do espaço epistemológico da Psicossociologia na academia, enquanto Saber e na vida social, enquanto atividade profissional.
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A IDENTIDADE ENTRE O FAZER PSICOLÓGICO E SUAS REPRESENTAÇÕES NO SENSO COMUM
Cecília Pescatore Alves                    Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro Marlito de Sonsa Lima            UNITATO-PUC-UMC
Quando se discute a formação atual do psicólogo evidencia-se que o ensino da graduação deve garantir uma atuação profissional comprometida com a transformação social.
Todavia a incapacidade atual dos cursos de formação de ele-varem o cotidiano enquanto uma. categoria política e inaugurá-la           enquanto campo de atuação da universidade e dos psicólogos, já é pres-suposto quando se formula tal questão.
Assim, com o objetivo de conhecer a natureza da inserção dos psicólogos do Vale do Paraíba (SP) e as expectativas dos alunos do curso de psicologia da UNITATO, foram enviados pelo correio questionários a todos inscritos no CRP-06 e residentes no Vale (1400), dos quais retomaram 349, foram também entrevistados 150 alunos do curso da UNITATO dentre os 245 matriculados em 1993 (1 º ao 5º ano).
Alguns índices quantitativos mais significativos foram toma-dos como orientadores da exposição da pesquisa, e dois aspectos principais são discutidos. O primeiro deles refere-se à reposição de uma identidade reificada do psicólogo, referida no nível das representações sociais (de uma cultura psicologizada), particularizadas no motivo da escolha dos alunos pela psicologia e continuada no curso de formação. O segundo refere-se a clínica como área de especialização e de realização profissional por excelência, fundando uma identidade entre o fazer psicológico e o fazer clínico (apontada pela maioria dos profissionais).
Considerando a contradição com os baixos salários da categoria podemos concluir que: 1) a formação do psicólogo reforça este círculo vicioso; representações sociais do psicólogo, cursos de formação que não conseguem intervir no cotidiano da população (que é apropriada como fornecedora de matéria-prima. para o exercício da psicologia: o formando e o cliente) e a atuação profissional que repõe o modelo curativo, construindo assim, uma identidade imediata entre as representações do senso comum e identidade profissional; 2) Que esta reificação se manifesta no grande número que busca a clínica como área de realização profissional. Portanto, enquanto área de atuação
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solitária e de ação curativa e que não se explicita como atuação política, retomando, assim, no círculo inicial.
AUTORITARISMO E DESENVOLVIMENTO MORAL
 
Louise Amaral Lhullier Kátia Maheirie Cristine Cabral  Rosa T. Espejo
Cibele Motta Adriana Souza
Labcomp - Universidade Federal de Santa Catarina
O recrudescimento dos movimentos nazi-facistas, as mais de cinqüenta guerras étnicas e/ou religiosas em curso, a sobrevivência do discurso e das práticas autoritárias nas novas democracias latino-americanas são apenas os elementos mais evidentes de um problema que não é novo, mas também não dá sinais de que esteja em vias de solução: o autoritarismo.
Com a preocupação de avançar teoricamente no que se refere a esse problema, no âmbito de um estudo mais amplo sobre as relações entre autoritarismo e desenvolvimento moral, foram coletados dados junto a uma amostra composta por 240 universitários do quarto semestre em 4 universidades catarinenses, públicas e privadas. Os cursos que integram a amostra foram escolhidos por sorteio, em cada universidade.
Os instrumentos utilizados foram uma escala ordinal para        autoritarismo desenvolvida na LABCOMP e dois dilemas Kohlberguia-nos respondidos por escrito em sala de aula.
Foi testada a hipótese de relação entre autoritarismo e        desenvolvimento moral, além disso, foram investigadas as relações entre instituição, gênero, idade, engajamento político, profissão dos pais, escolaridade dos pais e renda familiar média (variáveis independentes) como autoritarismo e desenvolvimento moral.
Os resultados preliminares não sugerem a existência de         diferenças significativas na maioria das relações entre autoritarismo e as variáveis independentes.
 
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CRENÇAS SOCIAIS DE ASCENSÃO SOCIAL DE MENINOS DE RUA
Suerde Miranda O. Brito           Maria Joacineide de Macêdo (*) Universidade Estadual da Paraíba (*) Bolsista PIBIC/CNPq/UEPB
INTRODUÇÃO: No contexto socioeconômico atual, no qual se inserem crianças e adolescentes viabilizando estratégias de sobrevivência para atender as necessidades básicas da família, visualizam-se os meninos de rua. Mas, embora contextualizados na rua, e desprovidos de bens materiais e culturais, estes têm acesso aos meios de comunicação da massa que promovem motivos sociais concretos, como por exemplo, ser um profissional, ter um trabalho estável, ter casa própria, e oferecem a ilusão da participação no estilo de vida dos ricos; e por outro lado, na prática, inviabilizam o obtenção destes objetivos. Quais serão, então, os projetos de ascensão social e as crenças desta população socialmente excluída? Para analisar esta questão retomaram os estudos de TAJFEL (1981) sobre os sistemas de crenças na mobilidade e na mudança social.
 
OBJETIVO: Esta pesquisa objetiva analisar se o tempo de socialização na rua tem influência sobre as crenças sociais de meninos de rua. METODOLOGIA: Participaram do estudo 40 jovens do gênero          masculino na faixa etária de 12 a 17 anos, divididos igualmente em dois grupos, diferenciados conjuntamente pelo tempo de socialização na rua e pela freqüência ou não à escola. Como instrumentos de coleta de dados citam-se: entrevista semi-estruturada, a lâmina no 1 do T.A.T. e uma técnica facilitadora de projeção constituída de histórias e fotos. RESULTADOS: 70% dos meninos acreditam na ascensão social via mobilidade social destes, 80% esperam alcançá-la através do esforço pessoal (trabalho/estudo). A crença na mudança social está presente nos meninos com menor tempo de socialização na escola.
CONCLUSÃO: A socialização influencia as crenças de ascensão social de meninos de rua e a vinculação a uma escola aumenta a crença na mudança social.
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FAMÍLIA: UM ESTUDO DE IDENTIDADE E DE SUAS RELAÇÕES DE PODER
Ana Paula L. Gianesi     Maria Ângela M. Perondi Roberta Kovac
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Os estudos sobre família vêm sendo preocupação constante nas várias áreas do conhecimento da Psicologia, Sociologia, Antropologia etc. Apesar do grande número de pesquisas realizadas e em                  desenvolvimento, acreditamos que o tema, pela sua complexidade, não se esgota e abre sempre possibilidade de estudo. A importância científica social do desenvolvimento deste tema nos levou ao interesse pelo estudo das transformações que o modelo de família vem sofrendo ao longo da história e sua possível decorrente transformação de identidade.
Portanto, o objetivo do presente trabalho consistiu em        desenvolver um estudo histórico da família e avaliar a maneira pela qual mudanças sócio-econômicas-culturais ao longo da história estão       relacionadas com a transformação da identidade familiar. Focalizamos nossa observação na dinâmica de poder estabelecida pelo casal estudado. Para melhor compreender as relações de poder, destacamos os fatores ideológicos e emocionais, referentes à esta relação.
Utilizamos como metodologia a análise de discurso e o estudo de caso, através do qual chegamos à caracterização do modelo familiar que denominamos família moderna, grupo pertencente à classe média paulistana. A análise de discurso foi utilizada para avaliar o perfil do casal estudado, sob o enfoque das relações de poder, bem como dos possíveis aspectos emocionais e ideológicos. A coleta de dados foi feita através de entrevistas não diretivas. O roteiro da entrevista foi formulado à partir da adaptação do roteiro constante da tese de BORI (1969).
Concluímos que a identidade familiar do modelo de família estudado vem passando por um processo de transformação. Alguns aspectos já configuram uma nova tendência, um novo modelo e outros permanecem fortemente ligados à idéia tradicional de família.
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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PEQUENOS PRODUTORES ITALIANOS: UM ESTUDO SOBRE IDENTIDADE SOCIAL
Thelma Maria Grisi Velôso Universidade Estadual da Paraíba
Esta pesquisa faz parte de Progetto di Studio e Ricerche So-ciali, coordenada pela associação Macondo (Itália). Originou-se a partir dos seguintes objetivos: a) dar continuidade aos estudos já realizados pela pesquisadora, sobre o imaginário camponês; b) descobrir elementos relevantes, sobre a nossa realidade rural, através da referência às semelhanças e dessemelhanças entre a realidade rural brasileira (sobretudo nordestina) e a realidade rural italiana (sobretudo do Sul da Itália); c) auxiliar na reflexão sobre a identidade social camponesa e, por conseguinte, nas possíveis intervenções educativas no campo.
O objetivo deste estudo delimitou-se em torno da seguinte questão: estudar a identidade camponesa italiana a partir das        representações sociais que os pequenos produtores elaboram sobre a terra, o trabalho, a imigração e a participação política. Pressupõe-se poder analisar em que medida esta identidade se transformou dos anos 50 até hoje.
Define-se identidade social e representações sociais segundo, sobretudo, os estudos de CIAMPA, A.C. e SPINK, M.J. respectiva-mente. Deste modo, entende-se, em linhas gerais, a identidade como um fenômeno social gerado num processo contínuo de identificação  um ato através do qual o indivíduo se define e se classifica, identifica-se com um grupo ao mesmo tempo que se diferencia de outros. E entende-se as representações sociais como modalidades de conhecimento particular que produzem sentido e fornecem uma explicação e/ou interpretação do mundo às práticas sociais. Parte-se da idéia de que as representações sociais são um instrumento que nos auxilia nos estudos sobre a identidade social.
A coleta de dados foi realizada na Itália entre os meses de        setembro/94 e março/95. A área escolhida para realização da pesquisa propriamente dita foi a cidade de Melissa, no Sul da Itália, região da Calábria. Metodologicamente utilizou-se a observação participante e foram realizadas (gravadas) 10 (dez) entrevistas semidiretivas, sobretudo, com sindicalistas e políticos locais; e 15 (quinze) histórias de vida com pequenos produtores e filhos de pequenos produtores, entre 17 (dezessete) e 70 (setenta) anos de idade, do sexo masculino e feminino.
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Atualmente desenvolve-se a análise das histórias de vida        segundo a orientação DEMARTINI, Z.B.F. A análise realizada pela autora citada caracteriza-se, em linhas gerais, pelo fichamento, recortes e agrupamentos das informações contidas nas histórias de vida segundo temas e subtemas, considerados sobretudo, a partir da problemática pesquisada.
A reflexão no momento, aponta para as seguintes questões: a) Melissa é uma comunidade ande convivem o tradicional e o moderno tanto nas relações interpessoais como nos costumes (alimentares, de lazer etc.) e na utilização dos instrumentos de trabalho; b) as histórias de vida são marcadas pela constante emigração (principalmente em direção ao Norte da Itália) e a outros países da Europa e pelo trabalho em outras atividades não agrícolas. Neste senti-do, alguns entrevistados não se identificam, profissionalmente, como pequenos produtores; c) a participação política foi muito intensa no passado, Melissa é tradicionalmente, conhecida pela organização e luta camponesa nos anos que antecederam a Reforma Agrária Italiana, foram assassinados pela polícia, em 1949, 03 (três) camponeses numa ocupação de terra. Hoje, estes pequenos produtores têm sua participação política restrita ao voto.
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ESPAÇO POLÍTICO E VALORES - UMA ANÁLISE PSICOSSOCIOLÓGICA DO PENSAMENTO POLÍTICO DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA
Marcus Eugênio Oliveira Lima Leoncio Camino            Universidade Federal da Paraíba
 
O objetivo geral desta pesquisa é o de analisar o posiciona-mento dos universitários frente à Política. Isto pressupõe verificar não só o modo como os estudantes representam o que se denomina .Espaço Político., mas também obter uma melhor compreensão da importância Política para esses sujeitos e de como ela se relaciona com a sua vida cotidiana,  através das suas práticas e valores.
Para tanto, foram entrevistados 82 sujeitos matriculados em oito disciplinas obrigatórias do curso de Psicologia da UFPB. As entrevistas datam do primeiro semestre de 1994.
O conceito de Política utilizado como critério de análise         entende-se a área de conflito que constitui a base das relações entre eleitores e partidos num dado sistema e num certo contexto histórico. Uma vez que os conflitos políticos colocam problemas e alternativas acerca dos rumos da sociedade, os eleitores devem estar aptos a compreender os problemas e a se posicionarem em relação às alternativas propostas. Sob a ótica da Psicologia Social, são estas duas atitudes que nos interessam.
Através do Diferenciador Semântico, verificou-se que os         sujeitos percebem a Política como pouco satisfatória, medianamente potente e, contudo, valiosa. Nota-se ainda que a adesão a valores        religiosos e materialistas implica em menores índices de simpatia e     participação eleitoral.
Assim, confirmou-se a hipótese de que a representação da Política nos sujeitos pesquisados, constrói-se a partir da relação dos seus valores com as suas práticas cotidianas.
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O DESENVOLVIMENTO DAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS DIFERENÇAS SOCIOECONÔMICAS      EM CRIANÇAS
 
Eliana Ismael Costa
Aluna do Mestrado em Psicologia Social Leoncio Camino
Professor do Mestrado em Psicologia Social Universidade Federal da Paraíba
 
Esta pesquisa foi inspirada em um estudo anterior, feito por R.
LEAHY (1981), sobre o desenvolvimento de definições, atribuições e crenças em crianças nos EUA.
Neste trabalho, pretende-se estudar duas dimensões do      desenvolvimento na criança das diferenças socioeconômicas, tanto em função da idade como do tipo de meio social onde está inserida.
Na percepção das diferenças socioeconômicas há dois aspectos a serem estudados: 1) a representação da imagem das pessoas ricas e pobres e, 2) os critérios utilizados na categorização dessas diferentes categorias sociais. O primeiro aspecto diz respeito à objetivação da imagem dessas duas categorias sociais, os elementos de conteúdo da concepção, enquanto que o segundo aspecto refere-se ao processo de categorização, desenvolvido na descrição dos grupos, os elementos processuais. Pressupõe-se que estas dimensões sofrem diferentes in-fluências, sendo que a representação seria mais afetada pela inserção do sujeito no meio social e os critérios, mais afetados pela evolução cronológica. Os critérios evoluem de mais simples até mais abstratos.
Foram utilizados sujeitos de escola pública, escola privada e filhos de dirigentes sindicais, de 8 a 16 anos. Nossos dados demonstram que a idade afeta principalmente os critérios e a experiência social afeta a representação social da imagem.
 
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REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA CIDADE DE FORTALEZA
Zulmira Áurea Cruz Bonfim             Professora do Departamento de Psicologia Cristiana Rocha Façanha
Aluna do Curso de Psicologia Universidade Federal do Ceará
Quando falamos da cidade de Fortaleza enquanto estrutura urbana, imediatamente esperamos que ela seja compreendida pela ótica dos planejadores urbanos, de órgãos governamentais ou instituições competentes que têm ações diretamente ligadas ao urbano. Dificilmente entendemos a cidade como uma estrutura física que é formada           coletivamente pela subjetividade e pelo imaginário de sua população. Uma cidade, ou espaço urbano, não é só um conjunto de ruas, praças, quarteirões e prédios. A estrutura física apóia-se na representação que seus habitantes fazem dela. Em outras palavras, o conhecimento ou a representação que o individuo tem de sua cidade é um fato coletivo, pois não é somente o que existe concretamente que adquire proeminência na mente das pessoas, mas aquilo que é reforçado pela coletividade.
É neste sentido que, dentro da prática de Psicologia Social e Comunitária, desenvolvemos uma pesquisa sobre a cidade de Fortaleza, utilizando o conceito de Representação Social como um instrumento que nos permita a entrada no mundo do simbólico das populações e na maneira como os moradores dos diversos bairros de Fortaleza edificam sua realidade cotidiana.
Utilizaremos como parâmetro metodológico os estudos que Milgran e Jodelet desenvolveram sobre as representações sociais de Paris e Nova York, a partir dos mapas mentais dos pontos significativos destas cidades, confirmando, assim, existência de um conhecimento coletivo presente do urbano.
Os objetivos que norteiam esta pesquisa são: a) conhecer as representações sociais dos pontos emergentes da cidade de Fortaleza; b) comparar as representações sociais dos moradores em relação ao seu próprio e ao de outros bairros; c) avaliar a relação de pertinência de moradia.
O eixo orientador da pesquisa baseia-se na necessidade urgente do estudo das necessidades coletivas que, na maioria das vezes, são negligenciadas pela autoridades e pelas políticas de planejamento urbano. Deste modo, a presente pesquisa pode constituir-se uma referên-
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cia para a execução do plano diretor de Fortaleza, confrontando o        conhecimento coletivo do espaço urbano e da vida cotidiana da população com as novas políticas de urbanização e de mudanças estruturais que a cidade vem enfrentando nestes últimos anos.
Encontramos dados preliminares que nos mostram que o      morador de Fortaleza valoriza a cidade em seus aspectos estruturais,      habitacionais, ambientais e turísticos e, por outro lado, percebe contrastes marcantes no que se refere ao seu contexto socioeconômico.
A partir do levantamento dos mapas mentais, constatou-se, na grande maioria dos desenhos (80%), temas como praias, favelas e mansões; em 50% deles foram constatados desenhos com temas      relacionados ao turismo, como o sol, coqueiros, jangadas e turistas; enquanto apenas 20% dos mapas apresentaram sua estrutura viária como via-dutos e avenidas específicas. Em relação aos pontos emergentes da cidade, destacam-se a Praça do Ferreira, as praias (Iracema, Volta da Jurema, Mucuripe etc.), os .shoppings. e favelas.
Sobre as mudanças ocorridas em Fortaleza, as respostas apontam para mudanças estruturais globais, aumento de criminal idade e pobreza e, ainda respostas que apresentam indícios de contrastes socioeconômicos.
Os dados levantados até agora nos mostram que as      características da cidade mais mencionadas pelos entrevistados referem-se aos seus aspectos de metrópole urbanizada, praiana e turística, com fortes contrastes socioeconômicos.
Estas informações nos levam a refletir e confirmar que existe um conhecimento coletivo cotidiano que deve ser considerado ao se traçar metas e políticas de planejamento urbano. Não somente no sentido de levantamento de necessidades, mas principalmente, no de               conhecimento da subjetividade e dos valores culturais da população. Para isso, as representações sociais podem ser um grande instrumento de acesso a este conhecimento do senso comum. Na prática da Psicologia Comunitária, podemos perceber que a comunidade sabe do que necessita em relação ao seu cotidiano na cidade. O que ela precisa é ser escutada e considerada.
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A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA GRUPAL NA MUDANÇA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Sueli Terezinha Ferreira Martins Departamento de Psicologia UNESP/Campus de Bauru-SP
Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de compreender de que modo a participação grupal subsidia a mudança da representação social do processo saúde-doença. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 17 mulheres hipertensas, membros efetivos de um grupo em unidade básica de saúde. Foram levantados aspectos relativos às expectativas e motivação na participação grupal; sentimentos com relação ao grupo e outros participantes; mudanças na concepção de saúde e no cotidiano a partir da inserção no grupo.
Os aspectos mais ressaltados quanto à motivação em participar do grupo e os sentimentos daí gerados foram: a) o grupo é um espaço social, onde tem sido possível desenvolver relacionamentos pessoais e afetos positivos, que muitas vezes são ampliados para outros espaços; b) é, segundo a maioria das mulheres entrevistadas, o único espaço para a expressão de sentimentos e opiniões, assim como possibilita a troca de experiências entre elas sobre o modo como vivem e como enfrentam as dificuldades do cotidiano; c) apresenta um conteúdo sobre o processo de adoecimento e o desenvolvimento de algumas técnicas que podiam aliviar as tensões do dia-a-dia (aspectos fisiológicos, nutricionais e psicossociais; tratamento e controle; expressão de sentimentos; relaxamento). Com relação às mudanças na concepção de saúde, constatamos um movimento que se inicia de uma concepção estritamente orgânica e medicamentosa do processo de adoecimento. A integração de alguns elementos trabalhados no grupo vai subsidiando a construção de uma concepção biopsicossocial desse processo, apresentada ainda de forma incipiente no discurso das entrevistadas. Em conseqüência da participação grupal, algumas mudanças no cotidiano são relatadas: hábitos alimentares, principalmente diminuição do sal e gordura; identificação de situações do dia-a-dia que são desencadeadoras de tensões e de possibilidades de enfrentamento, sendo que em alguns casos o enfrentamento ao nível da ação já ocorre.
A participação sistemática no grupo, proporciona espaço para o desenvolvimento de novas relações sociais e é evidenciada como uma mudança significativa no modo de entender a saúde, exigindo
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uma quebra na rotina, assim como no desenvolvimento da autonomia do indivíduo, elemento essencial na construção de uma representação do processo saúde-doença fundamentada numa visão biopsicossocial.
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BOLSÃO SABARÁ
Maria Tereza Castelo Branco Professora
Laura Jane Vilanova Maia    Márcio César Ferraciolli       Alunos                               Universidade Federal do Paraná
O projeto de pesquisa. Representação Social da Criança e do Adolescente, do Departamento de Psicologia da UFPR, tem por objetivo identificar como se articulam e são produzidas as representações sociais da criança e adolescente nas famílias que residem em um bairro popular de Curitiba, no Bolsão Sabará, vila Morro do Juramento. Essa pesquisa faz parte de um projeto de extensão, .Desenvolvimento Infanto-Juvenil., que visa apoiar as lutas do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (C DCA) do Bolsão Sabará.
No primeiro momento, designado etapa exploratória (que está em andamento), estão sendo realizadas reuniões e entrevistas individuais com algumas famílias selecionadas intencionalmente, de acordo com as suas condições de vida.
O estudo das representações sociais da criança e do adolescente será relevante para estabelecer estratégias de ação de psicologia comunitária junto às famílias do Bolsão Sabará em defesa de suas crianças.
 
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A PALAVRA COMO DOMINAÇÃO: A APROPRIAÇÃO DO "TERRITÓRIO DE FANTASIA" POR IGREJAS NEO-PENTECOSTAIS
Pedrinho Guareschi Fátima O. de Oliveira Graziela C. Werba
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
O tema deste estudo liga-se ao projeto de pesquisa .A palavra como dominação: o uso da comunicação verbal e eletrônica  nas práticas de diversos grupos religiosos, do prof Pedrinha Guareschi, do qual somos bolsistas de iniciação científica. A principal motivação em realizar este trabalho relaciona-se ao conceito território de fantasia., que será discutido e analisado sob dois enfoques, psicossocial e psicanalítico. A interação entre estes dois campos não só mostrou-se possível, como necessária, para se começar a entender este fenômeno social que é o movimento religioso neo-pentecostal no Brasil, em particular a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).
Entendemos que este estudo assume especial relevância num momento histórico em que vemos uma sociedade confusa, com         paradigmas sociais, políticos, econômicos e religiosos contraditórios. É neste contexto histórico da pós-modernidade que iremos encontrar um crescimento da tensão social e um ambiente propício ao incremento de necessidades humanas diferentes e talvez por isso, um aumento do surgimento de instituições religiosas e místicas que iriam oferecer uma resposta a este espaço místico, esta dimensão transcedental do ser        humano.
É função também do psicólogo procurar entender o fenômeno religioso, uma vez que se chega a compreender que a religiosidade é uma necessidade psicológica do ser humano. Não é mais possível, como já pensava Freud, fazer vistas grossas a isto, agarrando-se a um ceticismo estéril, enquanto a sociedade cada vez mais absorve este produto. Parece-nos que a questão da relação IURD/fiéis deve ser analisada e trabalhada no campo da psicologia social.
Fica evidente a necessidade humana de um espaço mental livre de objetividade. Esta imperiosa demanda se expressa de inúmeras formas, seja através da arte, da criatividade, do misticismo, religiosidade etc. Denominamos a isso território de fantasia .
Parece que a forma como é usado esse território tem estreita relação com a condição social da pessoa. Assim, o consumismo pode
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preencher esse espaço. Em populações pobres e exploradas, o território de fantasia. pode ser apropriado e usado pela alienação, exploração e dominação.
Historicamente, a classe menos favorecida, constituída em sua maioria por trabalhadores informais e operários, tem buscado conforto nas religiões não católicas como espiritismo e religiões afro-brasileiros.
A Igreja Católica tradicional, enquanto aparelho ideológico de estado, cumpriu seu papel, permanecendo fiel às estratificações sociais, não questionando o modo de sua produção, nem a ausência da classe operária em sua igrejas. Esta, por sua vez, ansiosa por dar vazão à sua subjetividade e preencher seu território de fantasia com algum alimento emocional, já que muito pouco lhe resta a almejar na área do capital, foi em busca de alguma instituição. As igrejas Neo-pentecostais,             especialmente a IURD, se organizaram e estão aí Captaram perfeitamente este anseio e carência social, oferecendo para aquela faixa da população um bem de consumo espiritual alienante. Dentro dessa lógica, é fácil entender a proliferação destas igrejas.
O que se questiona e se pretende alertar, é a forma como esta relação está se dando. O  território de fantasia está sendo ilegitimamente ocupado pela IURD, com a finalidade de dominar e explorar seus fiéis. Concluiu-se que, de modo geral, a IURD é uma instituição ideológica que tem por objetivo dominar através da persuasão, para explo-rar economicamente seus fiéis. A dominação se dá através da invasão e apropriação do território de fantasia. A postura até certo ponto paranóide, institucionalizada na IURD, refletiu-se em vários momentos de nosso trabalho, confirmando nossa hipótese inicial de que aquela instituição legitima relações de dominação e exploração com seus fiéis.
Dar conta de nossa proposta inicial foi um trabalho bastante pesado, mas que a cada linha escrita, outra ia brotando, florescendo pensamentos. Na verdade pesquisamos muito mais do que a ideologia de uma religião: pesquisamos nosso próprio território de fantasia, de onde certamente garimpamos as idéias que resultam neste trabalho. Afinal, aprendemos mais do que nunca que sonhar é preciso e que a utopia é o primeiro passo no caminho da liberdade, passaporte do território de fantasia.
 
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PRÁTICAS   SOCIOCULTURAIS E ORGANIZAÇÃO DO SABER
Coordenador:
Grupo não aconteceu
 
PESQUISA-AÇÃO, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ECOLOGIA, DADOS DEMOGRÁFICOS, EPIDEMIOLÓGICOS: UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
 
Rosália Lemos / Lourdes Brasil Annunciata Bonini / Nives Tomoso Flávia Berton
Alunas do Mestrado de Psicossologia de Comunidades e Ecologia Social-EICOS-UFRJ
                 Michel Thiollent
           Professor Orientador      EICOS/COPPE-UFRJ
Este trabalho é uma tentativa de integrar pesquisa-ação, planejamento estratégico, ecologia, dados epidemiológicos e demográficos a fim de contribuir com subsídios metodológicos para a implantação de projetos de pesquisa em comunidade, principalmente na área de saúde.
A pesquisa-ação é uma estratégia metodológica da pesquisa social que pressupõe envolvimento cooperativo e participativo, tanto da parte dos pesquisadores, quanto dos membros envolvidos na    situação que está sendo investigada e tem compromisso, não apenas com o estudo, mas com a ação transformador a de aspectos sociais considera-dos indesejáveis pelo grupo. Focalizando vários ângulos de situação em causa, procura detectar problemas, buscar coletivamente soluções e encaminhar ações. O planejamento estratégico é uma técnica que é praticada em nível burocrático, restrita a poucos consultores e não tem visão participativa. No entanto pode-se afirmar, que com algumas adaptações, alguns aspectos sendo reinterpretados e traduzidos para uma visão mais participativa, no sentido de auto definição de metas, poderá ser de grande utilidade no trabalho comunitário.
A epidemiologia, a demografia e a ecologia são disciplinas que podem fornecer valiosos subsídios para o encaminhamento de projetos na área de saúde. Tanto a epidemiologia quanto a demografia aproximam-se metodologicamente, pois ambas se utilizam basicamente de dados quantitativos, uma vez que geralmente referem-se a freqüência de determinadas doenças e sua propagação. Atualmente ambas se conduzem no sentido de cada vez mais tornarem-se qualitativas, dando ênfase aos aspectos socioculturais em que tais doenças surgem. Esta tendência atual as aproxima da ecologia, disciplina que analisa as rela-
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ções do homem com o meio, integrando conhecimentos biológicos e sociais.
A relevância de tal proposta está na tentativa de estabelecer em pesquisa, ações mais comprometidas com a busca de soluções e conseqüente atuação dos próprios interessados, na busca incessante de melhorias na qualidade de vida dessas comunidades locais.
IDENTIDADE DA IDENTIDADE - BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM CONCEITO
Wilson José Alves Pedro
Mestrando do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC/SP
Professor Assistente da Universidade Paulista/Campus de Ribeirão Preto
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA: Discutir a trajetória da construção do conceito de identidade, através de revisão bibliográfica.
OBJETIVOS: Discutir eixos temáticos e metodologias utilizadas na produção de pesquisas sobre identidade; ampliar perspectivas de         pesquisas sobre identidade no campo da Psicologia Social. METODOLOGIA: Levantamentos bibliográficos das dissertações e teses produzidas através do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social, de 1977 a 1994 da PUC/SP.
RESULTADOS: Constatou-se concentração de estudos centrados nas temáticas trabalho e gênero, com predominância na metodologia de história-de-vida.
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INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
 
Adriana Fontes MeIo / Taciana Nunes Mariz Alunas
Maria da Graça Bompastor Borges Dias / David Carracher Orientadores
Mestrado c;m Psicologia
Universidade Federal de Pernambuco
Em um artigo sobre a necessidade de pesquisas comparativas, PIAGET (1966) assegura que é bem possível que em certas sociedades o pensamento adulto não ultrapasse o nível das operações concretas e não atinja, portanto, o das operações proporcionais que se elaboram entre 12 e 15 anos em nosso meio. Já WASON (1966), demonstrou a necessidade que sujeitos com bom nível de escolarização encontram ao resolver problemas lógicos com conteúdo simbólico. Ele refere-se ainda que o raciocínio é afetado radical e sistematicamente pelo conteúdo das tarefas.
Esta pesquisa visou analisar como a resolução de um tipo de problema estudado por WASON (o problema dos quatro cartões) e como a experiência profissional dos sujeitos de níveis socioeducacionais diferentes interfere na resolução dos mesmos.
Fizeram parte deste estudo 20 sujeitos, sendo 10 psiquiatras (que exercem há pelo menos 3 anos a profissão), 10 operários (com mínimo de alfabetização possível).
Os dois grupos foram testados individualmente, onde      apresentou-se 3 tipos de problema para cada grupo. Um problema era composto de questões de conteúdo abstrato, outro de conteúdo prático relacionado à profissão, e um último de conteúdo prático não relacionado à profissão. Verifica-se que no problema simbólico 10% dos operários e nenhum dos psiquiatras deram as duas respostas corretas esperada. No problema de conteúdo prático relacionada à profissão, 20% dos              psiquiatras e nenhum dos operários responderam corretamente. Já no problema prático não relacionado à profissão não houve respostas corretas. Analisou-se também se os sujeitos se releriam ou não à regra pelo experimentador. Os psiquiatras em 90% dos casos referiam-se à regra enquanto 50% dos operários assim o fizeram.
Os resultados levaram a possibilidade que não seria apenas uma questão de ter ou não raciocínio lógico, mas interpretações diferentes das esperadas pelo experimentador.
 
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EDUCAÇÃO, PSICOLOGIA E CIDADANIA
Coordenadora:
Fátima Vasconcelos
 
DO DESEMPENHO DE PAPÉIS À IDENTIDADE DO EU: O PROCESSO DE IDENTIDADE DE UMA JOVEM ADOLESCENTE
 
Cecília Pescatore Alves
UNITAU-USF e Doutoranda PUC/SP
É um lugar comum referir-se ao adolescente como um ser problemático e enigmático. Como se a adolescência fosse uma           substância em si, uma mônada. Todavia o processo de interação adolescente-adulto, ou ainda adolescência enquanto uma produção social não é percebida.
Ao impormos a tarefa de refletir sobre adolescência e     considerarmos como um momento em que a identidade adquire novas e significativas configurações e que, portanto, a identidade é um processo dinâmico em desenvolvimento constante.
Assim, ao estudar o processo de identidade de uma jovem adolescente a partir do material empírico coletado (história de vida) com a expectativa de captar se ocorre, e como ocorre, a aquisição de uma identidade do Eu (HABERMAS), permitiu-nos pensar que a identidade pode fazer-se independente do simples desempenho de papéis, determinados ao ator pelas normas e regras dos grupos sociais. Mas que o ator pode desempenhar papéis a partir de princípios criados pela reflexão de tais normas e regras, sem submeter-se coercitivamente, isto é, reinterpretando-as criativamente.
Capaz de pensar por hipótese e de abstrair o conteúdo dos discursos, o adolescente pode descobrir as pretensões de validade contidas nas normas e afirmações, entendendo-as como meras       convenções (possibilidade e não inevitabilidade). Portanto, essa idéia de adolescência não nos permite pensá-la como uma mera crise dos padrões sociais, mas como um momento em que se inclui a possibilidade de criar princípios próprios que libertem o desempenho dos papéis de uma heteronímia coercitiva, através de uma autonomia criativa.
Dessa forma na história-de-vida relatada pela própria autora, pudemos identificar a transformação da identidade no conforto com o cotidiano. A consciência de seus princípios próprios emerge na atividade, que a insere no conjunto das relações, diante do outro e com o outro, processando assim sua identidade em direção a uma Identidade do Eu(HABERMAS).
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EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: EM BUSCA DA CIDADANIA
Magali Cecili Surjus Pereira Universidade Estadual de Londrina
Integrante do Grupo de Trabalho Mig, responsável pelo projeto .Jayné Mré Han. nas 5 áreas indígenas do Norte do Paraná
 
A socialização de crianças Kaingáng foi investigada buscando-se identificar variáveis do processo psicossocial. O objetivo era o de colher subsídios para uma educação escolar voltada para o equaciona-mento entre tradição e modernidade. A questão que permaneceu como sendo razoável foi: o curso psicossocial da socialização secundária dos Kaingáng seria diferente do da sociedade ocidental moderna? As complexas relações de aculturação a que estão submetidos foram        consideradas na medida em que definem as condições nas quais se    inscreve o desenvolvimento dessas crianças. Entrevistou-se 50 Kaingáng entre homens e mulheres na faixa de 10 a 70 anos sobre aspectos da vida desses. Além disso, foram realizadas observações participantes com crianças nas mais variadas situações, visando obter informações acerca dos agentes socializadores, momentos de transição, locais de realização da socialização e características do processo de ensino-aprendizagem. Os dados elaborados permitiram descrever: algumas das instituições Kaingáng, aspectos da socialização primária e secundária e aspectos da vida dos meninos e meninas relativos a ajuda/trabalho, brincadeiras, ir a escola, namoro/casamento e cuidados gerais. Pode-se, assim, destacar um processo de socialização que ocorre sem rupturas e sem anonimato. Difere do ocorrido na sociedade ocidental moderna pois não há mudança nos agentes e nos locais, de modo geral, nesse processo. A existência de vínculos emocionais estabelece diferenças claras na relação ensinar-aprender. Esse conhecimento nos remete para uma real avaliação ou proposição de processos pedagógicos das escolas inseridas na áreas indígenas. Tarefa cujo desafio é enorme mas precisa ser delineada para que no mínimo inverta sua participação no processo de assimilação desses grupos na cultura ocidental. Além do que, não basta adaptar a escola à cultura dos diferentes grupos; é preciso reconhecê-la como reprodutora de diferenças sociais para alterar essa destinação.
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ESCOLA E MEIO LOCAL: REALIDADES E REPRESENTAÇÕES
NadirZago                             Departamento de Psicologia             Universidade Federal de Santa Catarina Entidade financiadora: CNPq
A pesquisa em educação no Brasil passou por diferentes fases, tanto em relação a hegemonia dos campos de conhecimento que servi-ram de suporte teórico para explicação dos fenômenos educativos, quanto às tendências metodológicas e também temáticas. Em épocas mais recentes, as mudanças de orientação teórico-metodológicas com ênfase nos estudos microssociais, permitiram uma renovação dos objetos de estudo e novas formas de abordar a realidade educacional. Observamos um interesse crescente das pesquisas voltadas para o cotidiano escolar, a sala de aula, o estabelecimento de ensino, e, também, sobre as relações entre família e escola. É dentro deste último tema que se insere o presente trabalho. Meu propósito será o de apresentar resultados de uma pesquisa que teve como objetivo conhecer a natureza das relações que as famílias, de um bairro popular, estabelecem com a instituição escolar quanto às representações e comportamentos por elas adotados. Escolhemos como local de pesquisa um bairro periférico de Florianópolis, capital de Santa Catarina. O presente estudo se define por uma abordagem de natureza qualitativa que procura dar, aos atores sociais implicados no processo de investigação, um lugar privilegiado na pesquisa. Os dados foram obtidos através de entrevistas semi-diretivas e observações de campo. A análise temática dos dados, mostra que as famílias populares não são espectadoras passivas frente aos mecanismos de seleção e exclusão escolar. Apesar de disporem de poucos recursos materiais, elas definem estratégias no processo de escolarização dos filhos: mudança de escola, controle da assiduidade escolar e realização das tarefa em domicílio; contatos com os professores; entre outras. Existem variações nas práticas adotadas e estas tem relação com o tamanho da família, escolaridade e atividade profissional dos pais, rede de relações sociais, implicações em organizações coletivas.
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ATIVISMO POLÍTICO E PERCEPÇÃO DA    VIOLÊNCIA SOCIAL EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS - UMA ANÁLISE EM TERMOS      DE CRENÇAS SOCIAIS
Alberto Arruda                          Leoncio Camino                   Universidade Federal da Paraíba
O Ativismo Político define-se como um campo do comporta-mento político, compreendendo basicamente o estudo dos movimentos sociais e ações coletivas.
Dentro deste campo, estudos anteriormente realizados (CAMINO e TROCOLLI, 1981; MENDONZA e CAMINO, 1987) acerca da percepção de legitimidade do sistema social apresentada por professores universitários e secundaristas puderam constatar uma relação significativa entre a percepção de uma Justiça geral presente na sociedade (Crença no Mundo Justo) e índices de Ativismo Político. Segundo estes autores, os indivíduos com maiores índices de Ativismo Político apresentam também menores índices de crença na Justiça. No estudo de CAMINO e TROCOLLI (op. cit.) observou-se também uma relação significativa entre uma maior legitimação de ações político-ativistas (Percepção da Violência Social) e menores graus de crença na justiça.
Visando avaliar estas relações no âmbito dos estudantes         universitários, tomou-se no Campus I da Universidade Federal da Paraíba uma amostra de 262 sujeitos, de ambos os gêneros, a partir de um instrumento basicamente composto por escalas tipo Lickert  Ampliando os estudos anteriores, foi avaliada também a influência das crenças postuladas por TAJFEL (1983) acerca a Percepção da Permeabilidade Social (Mobilidade e Mudança Social) sobre o Ativismo Político e a Percepção da Violência Social..
Além das relações anteriormente constatadas, verificaram-se relações significativas entre o Ativismo Político e a crença na Mudança Social, bem como entre a crença na Mobilidade Social e a Percepção da Violência Social.
O conjunto de resultados permite observar independência entre as crenças acerca da Permeabilidade Social, formando dois núcleos de análise face ao Ativismo Político: a percepção de legitimidade da estrutura social e o papel da afiliação ao grupo dos pares.
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REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E CIDADANIA:
UMA ANÁLISE PSICOSSOCIAL
Eleneide da Silva
Eliane Moura Sanzia de Souza Joselí da Costa Leoncio Camino
Universidade Federal da Paraíba
Nas Ciências Políticas a Representação Política faz referência ao regime político no qual os representantes são eleitos pelo povo (representados). As leis que a definem são produtos histórico-culturais. Fala-se em dois modelos: o Liberal, onde o candidato recebe a confiança do eleitor para decidir de forma autônoma, e o Sociológico, que procura definir a representação em função dos diversos setores sociais.
Numa perspectiva psicossocial decidimos aprofundar o    segundo modelo perguntando aos entrevistados quais os setores sociais representados por seu partido e quais os representados pelos partidos com visão oposta ao seu. Cruzando as duas respostas, buscamos analisar tanto a visão que o indivíduo tem da estrutura política da sociedade como o jogo de identidades sociais, pelo reconhecimento de seu próprio setor social e dos setores opostos.
Para tanto, entrevistou-se 430 eleitores nas eleições de 1992 e 403 eleitores de 1994. Os resultados mostraram que existe uma relação bastante estreita entre a simpatia partidária e a visão da estrutura social. A análise da visão dual da estrutura política demonstrou que existe uma relação entre a identificação partidária e a identidade social dos sujeitos.
Análises complementares mostram que a visão da representação política, se desenvolve com a participação do indivíduo nas diversas organizações da sociedade civil. A participação ativa nestas entidades aumenta a identificação com os grupos representados por elas. Esta identidade social aparece na percepção da estrutura social e nas atividades políticas.
Pode-se afirmar que a visão social ligada à representação partidária forma uma matriz ideológica que orienta o comportamento político dos indivíduos.
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ESPAÇO LÚDICO E DESENVOLVIMENTO DA IMAGINAÇÃO
Maria Tereza Castelo Branco Professora Coordenadora
Andréa Dircksen / Lissandra Cristina Fieltz                           Maria Consuelo A. Ferreira / Patrícia Cardoso Campos   Sidney Delboni de Moraes / Vanessa de Almeida Basso     Alunas
Universidade Federal do Paraná
Vários autores da Psicologia de orientação histórico-social, como VIGOTSKY, LURIA e LEONTIEV, têm ressaltado a importância da brincadeira no desenvolvimento da imaginação. É na atividade lúdica que aparece pela primeira vez a possibilidade de imaginar.
Pressupondo-se que crianças de classe popular tem poucas possibilidades de brincar, estamos realizando estudo sobre o espaço lúdico e o desenvolvimento da imaginação destas crianças, que serão observados em todos os lugares onde realizam suas atividades cotidianas. A faixa etária atingida pela pesquisa é de dois a doze anos.
O projeto está na fase inicial de contato com as famílias e instituições de um bairro popular na cidade de Curitiba, inserindo-se dentro de um trabalho de extensão universitária que apoia as lutas do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente desta comunidade. Os resultados serão discutidos com as entidades educacionais do bairro estudado e as famílias interessadas.
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CONSELHOS MUNICIPAIS DE                        DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CMDS: A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA A PARTIR DO FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE E DA CONSCIÊNCIA
Betânia Moreira de Moraes
Participação - Instituto de Estudo, Pesquisa Promoção do Desenvolvimento Humano e Social
Aline Maria Barbosa Domício
Núcleo de Psicologia Comunitária – NUCOM/UFC
Sendo o Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável CMDS uma instância de reflexão, orientação e animação dos caminhos da municipal idade; faz-se necessário uma maior compreensão do mesmo, como elemento intensificador da participação da sociedade no reconhecimento da necessidade de diálogo com o Estado.
Objetivamos apresentar o CMDS como uma metodologia fundamental para a construção da cidadania, avaliada a partir do        fortalecimento da identidade e da consciência nos municípios.
Na metodologia de implantação do CMDS, foram utilizados como procedimentos de intervenção, instrumentais da Psicologia          Comunitária, entre eles os pressupostos dos .Círculos de Interesses.     Objetivando fomentar os trabalhos a nível reflexivo, bem como temas geradores referentes à proposta, trabalhamos também com Círculos de Interesse, grupos de biodança, dramatização e oficinas de arte--identidade.
O processo de implantação segue as seguintes etapas·: (a) Es-tudo anterior, no qual o Município é dividido em grupos que têm uma importância na vida cotidiana e histórica do mesmo; (b) Realização de encontros com a equipe gerencial da Prefeitura, com a Câmara dos Vereadores, Entidades, Conselhos Setoriais existentes no Município, segmentos significativos da sociedade e com as regiões comunitárias. A média é de três horas, com exceção do encontro gerencial - doze horas, e no final dos mesmos é escolhido o representante para compor o CMDS.
Como subsídios para a discussão e apresentação da questão da cidadania no âmago da Psicologia Comunitária, trabalhamos a partir de alguns conceitos básicos existentes nesse âmbito, priorizando o fortalecimento da Identidade e da Consciência.
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Entendemos como Identidade a expressão biológica, histórica, cultural, universal e singular da individualidade revelada            permanentemente [...] no processo de interação, representação e identificação com a vida social. (GÓIS, 1994) e Consciência, ainda segundo Góis, a propriedade do psiquismo formada sob determinadas condições da atividade prática e do próprio psiquismo, a partir de ações instrumentais e comunicativas.
Como descrição dos resultados temos a operacionalização dos primeiros passos do Fórum da Municipalidade - CMDS, a partir da visão coletiva de futuro desejável e sustentável, além da promoção e fortalecimento da integração dos conselheiros, retratando diretamente o processo de sensibilização dos mesmos para a organização dos seus grupos, bem como a integração entre eles para o desenvolvimento da Municipalização.
A partir do processo para a implantação do Conselho, o          Município desenvolveu uma visão crítica em relação a importância do diálogo com o governo para a construção e fortalecimento da cidadania, como forma de elevar a qualidade de vida das partes envolvidas.
Diante do que foi exposto, observamos a importância da        utilização da Psicologia Comunitária como referência ao desenvolvimento do processo, resgatando o sentimento de pertinência e amor ao lugar e ao outro, como também o poder e valor pessoal.
Sentimos esses, que funcionaram como caracterizadores do fortalecimento da identidade de cada pessoa envolvida, onde a cidadania é reconhecida como eixo de sustentação do CMDS e da possibilidade de crescimento e desenvolvimento do Município.
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A PRÁTICA DA SUPERVISÃO:
DESNATURALlZANDO OS TERRITÓRIOS DO PROFESSOR E DO ALUNO
 
Ana Lúcia Coelho Heckert              Elizabeth Maria Andrade Aragão      Maria Elizabeth Barros                             Sônia Pinto de Oliveira
Coordenadores do Projeto - Professores do Deptº de Psicologia - UFES Samuel Louzada Castro de Oliveira / Ana Cláudia G. Barreto         Cláudia Regina do Val Claure / Cristiane Teles
Eduardo C. Ceotto / Emílio Médici Nolasco
Fátima Vicentini Abreu / Jerusa Zanotelli
Luziane A. Ruela / Márcia Cruces Cuevas
Márcia Lins Mangueira / Mônica F. S. Araújo
Regina Lúcia Souza / Rosivani Mauzoli
Solange Mascarenhas Bonfatti
Alunos participantes do projeto UFES/CEG/DEPo DE PSICOLOGIA
Os estágios e as pesquisas em Psicologia, da forma como es-tão funcionando nos cursos universitários, indicam uma separação entre teoria e prática e como aponta para os lugares instituídos do professor e do aluno nestas práticas acadêmicas. Observamos que, neste sentido, essas práticas têm cumprido sua função: reforçar os especialistas. A inventividade do aluno não tem sido valorizada, tornam-se recipientes onde se empilham as diferentes abordagens teóricas e metodológicas. Inventar não é reproduzir modelos. Portanto, o que tem restado aos alunos? Seguir fielmente os modelos propostos/impostos pelos professores. Quais as vias possíveis para que o aluno possa construir/inventar caminhos outros de trabalho, rompendo com essas práticas acadêmicas? Como interferir nos dispositivos engendrados pelos micropoderes instituídos? Frente a estas questões, estabelecemos alguns objetivos neste trabalho de analisar a .instituição supervisão acadêmica, a fim de desnaturalizar esses lugares marcados na organização do saber na universidade; analisar o papel dos trabalhos de estágio e pesquisa na forma-ação do aluno e propor outras formas de organização da produção do saber nas práticas socioeducacionais. Na tentativa de mostrar a lógica dos dispositivos em ação nessas práticas, elaboramos, a partir da obra de M. Foucault e das ferramentas da Análise Institucional, um enfoque teórico que permitisse considerar as
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insércias encasteladas no discurso/prática das universidades: a de que o professor tem uma SUPERVISÃO sobre as questões trabalhadas e que cabe ao aluno apenas optar pelo modelo a ser seguido. É necessário mostrar que os alunos são fabricados nessas formas-de-ação, nesse aparato de subjetivação, que é a supervisão acadêmica. A utilização deste referencial teórico, enquanto ferramenta de trabalho, é um jogo que pretende lançar as bases para um método que se expressa através de certas formas de interrogação e estratégias analíticas de descrição. Um método e um princípio ontológico da superfície, uma filosofia da relação: ao invés de pensar uma prática a partir dos objetos a ela trans-histórico. Só existem máscaras e, se tudo é mascara, a possibilidade de mudança nos pertence. Essa é, portanto, a dimensão metodológica do trabalho: o questionamento do direito de universalizar o particular, de igualar as diferenças e a pretensão de abarcar a totalidade. Saindo de uma perspectiva exclusivamente macropolitica, privilegiamos, também, a micropolitica de nossas práticas sociais. Dentre os resultados mais significativos, observamos uma intensa participação dos alunos nos momentos decisivos dos projetos de estágio, pesquisa e/ou extensão, marcando reuniões com os órgãos envolvidos no trabalho ou para a discussão e avaliação dos projetos, sem a presença dos professores responsáveis, tomando decisões, analisando e intervindo sempre que necessário. Isto vem acarretando uma postura mais autônoma por parte dos alunos, além de uma desnaturalização de lugares instituídos do professor e do aluno, produzindo uma outra relação entre esses lugares. Durante esse processo o resultado mais relevante observado foi o aprendizado de como trabalhar com as diferenças teóricas, políticas e ideológicas do grupo e a abertura de espaço onde as práticas inventivas desses alunos, que se recusam, hoje, a aceitar os modelos prontos que lhes são propostos.
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ESTUDO SOBRE REPRESENTAÇÃO MENTAL DAS CRIANÇAS DAS CAMADAS POPULARES E AS REPERCUSSÕES PARA O FRACASSO ESCOLAR
Veriana de Fátima Rodrigues Colaço Susana Kramer de Oliveira            Departamento de Psicologia/UFC                 Maria de Fátima Vasconcelos da Costa Faculdade de Educação/UFC                                  Carla Cristina Queiroz Campos            Bolsista de Iniciação Cientifica/CNPq Jaileila de Araújo Menezes                  Bolsista do PET/CAPES                          Priscila de Sousa Gadelha Costa                  Sheila Lima Garcia                       NUCEPEC/UFC
O estudo tem por objetivo central investigar a capacidade de representação mental das crianças das camadas populares, através da construção de história, fazendo uma análise comparativa com crianças de classe média, para a partir desta investigação melhor compreender as variáveis que afetam esta capacidade e as repercussões para o fenômeno do fracasso escolar. A metodologia adotada pautou-se pelo método clínico, com enfoque etnográfico, utilizando tarefas de natureza lúdica, afim de torna-las significativas e motivadoras para as crianças. Investigou-se o nível cognitivo através de provas de conservação e inclusão de classes e a psicogênese da escrita através das provas de realismo nominal e do teste das quatro palavras. A representação mental foi investigada com a construção de histórias, a partir de estímulos visuais introduzindo neste processo a interação criança-adulto e crian-ça-criança, afim de analisar a interferência destas interações como medidora da capacidade de representação da criança. A pesquisa encontra-se em fase de conclusão da análise dos dados e os resultados preliminares indicam uma influência positiva da interação sobre o desempenho das crianças, no que se refere a elaboração das histórias.
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EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS:
POTENCIALlZANDO PEQUENAS REBELDIAS COTIDIANAS
Ana Lúcia Coelho Heckert       Elizabeth Maria Andrade Aragão                  Maria Elizabeth Barros                               Sônia Pinto de Oliveira
Coordenadores do Projeto - Professores do Deptº de Psicologia           Ana Cláudia G. Barreto / Cláudia Regina do Val Claure Cristiane Teles / Eduardo C. Ceotto
Emílio Médici Nolasco / Fátima Vicentini Abreu Jerusa Zanotelli/ Luziane A. Ruela
Márcia Cruces Cuevas / Márcia Lins Mangueira Mônica F. S. Araújo / Regina Lúcia Souza             Rosivani Mauzoli / Solange Mascarenhas Bonfatti Alunos participantes do projeto                               UFES/CEG/DEPTº DE PSICOLOGIA
Na década de 90 assistimos a uma intensa desmobilização da população e conseqüente refluxo dos movimentos sociais, talvez efeito de toda uma produção de subjetividade voltada para a intimização da vida. No âmbito educacional temos convivido com práticas que têm produzido como efeito a discriminação dos sujeitos e sua fixação em lugares de saber-não saber, pensar-fazer, capaz-incapaz. Opera-se, ainda, em grande distanciamento entre o espaço-escola e o espaço vida onde a escolarização é pensada como sinônimo de educação, instituído, dessa forma, a pedagogização das práticas educativas. As redes de desqualificação, infantilização, culpabilização e atomização se presentificam cotidianamente no espaço escolar e nas práticas sociais de maneira geral. Articulada a tais preocupações e à perspectiva de um governo petista em âmbito estadual, ousamos propor um trabalho que pretende: atuar junto aos diversos segmentos de escolas públicas esta-duais, analisando as instituições que se corporificam nesse cotidiano, possibilitando produções singulares que rompam com os mecanismos normatizadores e segregadores presentes no discurso-prática escolar, produzir junto aos movimentos sociais organizados, análises de suas práticas educativas conectando-as com o estabelecimento escolar, analisar junto à equipe de educadores da administração central da          Secretaria Estadual de Educação a produção e implementação de políticas educacionais que apontem para uma educação democrática. Como
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metodologia utilizamos as ferramentas da Análise Institucional                     pretendendo intervir junto aos atores sociais produzindo análises permanentes de suas práticas. O dispositivo grupal é utilizado como estratégia privilegiada na descristalização de lugares e papéis instituídos e na coletivização de informações e análises. O grupo, portanto, é pensado como multiplicidade e provisoriedade, como possível catalisador e produtor de mudanças. Até o presente momento realizamos intervenções junto à coordenação geral da Secretaria Estadual de Educação, ao Núcleo de Educadores do PT, do Movimento Negro e algumas escolas estaduais. Nessas intervenções temos produzido análises acerca: das concepções de escola democrática, cidadania e participação que se materializam nas práticas sociais; da relação que o órgão central (Secretaria de Educação) tem estabelecido com as escolas da rede esta-dual; do lugar que a educação especial historicamente vem ocupando nas práticas pedagógicas. Na medida em que essas análises se produzem e são coletivizadas, alguns conflitos puderam se expressar e co-meçam a ser discutidos, afirmando a possibilidade de gerar movimentos e efeitos singulares.
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CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES ENTRE A VIDA POLÍTICA E A VIDA COTIDIANA:
CONCEPÇÕES DE MORADORES DA GRANDE VITÓRIA, ES, DURANTE O PROCESSO              ELEITORAL PARA GOVERNO DO ESTADO
Maria de Fátima Quintal de Freitas Universidade Federal do Espírito Santo
O período das eleições para o Governo de Estado, no Brasil, em 1994, explicitou, de modo mais claro, contradições presentes no comportamento de escolha, apontando para a necessidade de identificar e estudar os motivos, os valores e o código moral utilizados nas escolhas da população. No caso do Espírito Santo, esta situação polarizou-se entre os dois candidatos, Vitor Buaiz (candidato da Frente Unidade Popular pela Cidadania - PT/PSB/PCdoB) e Cabo Dejair Camata (da coligação União Social Trabalhista Renovadora - PSD/PRN), em que cada um deles representa a utilização de estratégias e meios flagrantemente opostos, embora possam propor, em relação a aspectos como segurança, saúde e educação, benfeitorias e benefícios muito similares. A trajetória de aceitação e rejeição dos candidatos, do 10 e 20 turnos, registrada pelos dois jornais da cidade de Vitória (A Gazeta e A Tribuna), tem mostrado uma redução significativa na aceitação para com o candidato da coligação PT/PSB/PCdoB, enquanto que para o outro candidato aumento o número de intenções à sua aceitação, de tal modo que, no início, a diferença entre eles estava em mais de 30 pontos favoráveis ao candidato Vítor Buaiz, caindo, ao final, para uma diferença em torno de oito a dez pontos, ao mesmo tempo em que 13% dos eleitores encontravam-se indecisos. Procurar compreender a dicotomia e a oposição que a população emprega em suas ações, assim como as significações atribuídas a elas e que se materializam em comportamentos de escolha, pode contribuir para identificar e analisar os mecanismos psicossociais que permeiam estas decisões, revelando paradigmas morais e éticos adotados pelas pessoas em seus cotidianos, que estão orientando suas práticas e colaborando para a construção de níveis diferentes de consciência e participação política. Tendo como base estas preocupações, foram realizadas entrevistas semi-dirigidas, com 11 moradores da Grande Vitória, com idade variando de 18 a 52 anos, de várias profissões, no dia anterior à segunda votação,                  envolvendo questões sobre os aspectos positivos e negativos atribuídos a cada um dos candidatos; os motivos para o crescimento e o decréscimo
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de cada um nas pesquisas eleitorais; as concepções a respeito dos              políticos e a respeito da sua própria participação junto a eles; a importância dos futuros políticos e da política institucional sobre o seu cotidiano; e as perspectivas pessoais relativas à sua escolha eleitoral. As respostas serão submetidas à Análise de Conteúdo, a posteriori, utilizando-se, também, como fonte de dados comparativos, a visão apresentada pela imprensa escrita, nos jornais da cidade, a respeito dos dois candidatos, neste período entre os dois turnos até os resultados oficiais do pleito.
CULTURA POLÍTICA E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO PARANÁ
Rosana Kátia Nazzari                              Mestranda do Curso de Ciência Política UFRGS/UNIOESTE
Este estudo examina a trajetória histórica da cultura política paranaense. Nesse sentido, se buscou subsídios para entender como se dá o processo de socialização política, ou seja, que tipo de crenças e valores são transmitidos pela família e pela escola para o adolescente. Assim, tentou-se observar que tipo de comportamento evidenciam os adolescentes paranaenses com vistas a detectar se está havendo ou não um processo de construção da Cidadania, tomando como referências o paradigma de Gabriel ALMOND (1965) em seus estudos sobre cultura política, e o conceito de representação social, extraído da psicologia social de MOSCOVICI (1978), principalmente ao que se refere a                   percepção dos adolescentes frente as categorias autoridade e poder em relação aos pais e professores, que podem determinar na prática ele-mentos para o processo de socialiazação política autoritária ou                      democrática, ou seja, verificar se o discurso democrático se efetiva no cotidiano paranaense.
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PSICOLOGIA
COMUNITÁRIA
Coordenadora:
Fátima Quintal
 
"VIDA E SAÚDE": PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ATRAVÉS DO RÁDIO
Andréa Fernanda Silveira
Prof Jorge Luís Vieira (Supervisar) Pontificia Universidade Católica do Paraná
 
O presente trabalho diz respeito a um projeto de prevenção em saúde mental, que vem sendo desenvolvido desde setembro de 94 numa rádio de Curitiba. Esta rádio opera com um sistema de ondas curtas e ondas médias, tendo, portanto, uma ampla audiência em todo Brasil. O objetivo principal deste projeto é, através do rádio, conscientizar e despertar a população para os assuntos relacionados ao seu dia--a-dia, buscando informar e esclarecer as pessoas quanto aos aspectos biopsicossociais do homem. Para tal, um tema á abordado a cada se-mana (às quintas-feiras, das 10:30 às 11 :30) através de entrevistas, ao vivo, com profissionais de área de saúde. Durante o programa vida e Saúde, os ouvintes são convidados a participar, via telefone, colocando dúvidas ou comentários sobre o assunto que está sendo discutido. Os entrevistados, então, fornecem informações gerais e propõem encaminhamentos práticos, priorizando uma linguagem informal e acessível, bem como ressaltando os aspectos preventivos em relação ao tema. A experiência tem sido muito gratificante e o projeto vem recebendo a atenção de vários profissionais da área de saúde mental, vinculados ao Departamento de Psicologia da PUC-PR e outras instituições da comunidade curitibana, tanto privadas como públicas. O próprio Conselho Regional de Psicologia 08, tem apoiado a iniciativa,                     colaborando com a divulgação no meio profissional e participando de algumas entrevistas. Desde sua implantação até o mês de maio de 95, foram realizados 37 programas, contando com a participação de 40 funcionários de diversas áreas. Neste período foi possível atender 231 ouvintes, (em média de 6 telefonemas por programa) dos mais variados bairros de Curitiba e Região Metropolitana, além de outras localidades no interior de outros estados, que tiveram suas questões debatidas no ar ou recebidas através, do telefone, algum tipo de encaminhamento. Espera-se, com isso, estreitar o campo de envolvimento da comunidade científica com as questões de cunho social implícitas no cotidiano dos cidadãos, promovendo espaço para deselitizar a informação técnica e atender às necessidades emergentes da população. As estatísticas iniciais reforçam a idéia de que a Psicologia Comunitária pode, através do rádio, trazer resultados muito amplos, uma vez ser este um veículo de
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comunicação bastante abrangente e de fácil acesso, podendo atingir um número maior de pessoas ao mesmo tempo. Além de considerar o número de ouvintes que puderam ser diretamente beneficiados com a participação durante o programação, é importante ter em mente o grande número de pessoas que ouvem rádio e que puderam aproveitar de alguma maneira as informações divulgadas pelos profissionais. Sem contar na possibilidade de redução dos custos com o sistema de saúde (que é mais curativo do que o preventivo) dentro de qualquer sociedade.
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A INFÂNCIA NO BRASIL: TRAGÉDIAS E ESPERANÇA
 
Antônio Merisse
Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar Faculdade de Ciências e Letras de Assis                 Universidade Estadual de São Paulo
Antropólogos e indigenistas que estudaram as relações entre adultos e crianças em diversas comunidades tribais que existiam ou que continuam a existir no Brasil, destacam o profundo respeito e a ilimitada paciência demonstrada pelos adultos aos seus infantes.
A colonização portuguesa representou uma tragédia para a               infância. Além do extermínio das nações indígenas com as quais entrou em contato e da introdução da escravidão negra, reproduziu os hábitos europeus que liberavam as senhoras das atividades de maternagem e que institucionalizaram práticas educativas degradantes e violentas. A modernização trazida com a industrialização da economia e a                  urbanização da população, no presente século, não foi acompanhada por melhorias nas condições de vida da população em geral e da infância, em particular.
Embora o país  continue  exibindo  dados  trágicos relacionados
à situação da infância, que vão do estado de miserabilidade em que se encontra grande parte dos menores de idade até freqüentes ações de extermínio, existe atualmente uma legislação avançada que oferece um fio de esperança quanto ao futuro. Trata-se do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA (Lei Federal n:. 8.069/90), cujos fundamentos estão contidos na própria constituição brasileira de 1988 e que incorpora a doutrina de proteção integral contida na Convenção Internacional dos Direitos da Criança, promulgada pela ONU em 1989.
O presente trabalho é um relato da experiência de implantar o ECA no município de Assis, no Estado de São Paulo, bem como uma reflexão sobre as virtudes e os defeitos, os limites e as possibilidades dessa legislação frente aos enormes desafios colocados pela situação da infância no Brasil.
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DESENVOLVIMENTO INFANTO-JUVENIL
Ana Maria Gonzatto Emerson Luiz Perez
Maria Tereza Castelo Branco (Professora Orientadora) Universidade Federal do Paraná
O Projeto de Extensão Universitária, intitulado Desenvolvi-mento Infanto-Juvenil, está em andamento desde o início do ano de 1995, no Bolsão Sabará, região industrial de Curitiba, contando com a participação de doze estudantes do quarto e quinto anos do Curso de Psicologia.
Trata-se da continuidade de um trabalho de Psicologia Comunitária que vem sendo desenvolvido há dois anos, na UFPR, e que, este ano, direcionou seus esforços para apoiar o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Bolsão Sabará nas suas lutas em prol da melhoria das condições de vida da infância no bairro.
Para assessorar o CDCA na organização de um plano de trabalho junto às famílias, crianças e instituições do bairro e na reflexão sobre atividades, o projeto está desenvolvendo várias ações.
Como tarefa principal, que o grupo responsável vem chamando de Projetão, está se realizando uma Pesquisa-Ação, segundo a proposta de                M. THIOLLENT, com o propósito de definir com a população estratégias de ação coletiva. Dois outros projetos de pesquisa, que deverão se apresentar também neste Encontro, se somam aos seus objetivos.
Algumas observações sobre o envolvimento comunitário, as expectativas das famílias e Entidades locais em relação às crianças e adolescentes do bairro e o Movimento em defesa da criança, já que permitem reflexões que, de forma preliminar, pretende-se apresentar.
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PERSPECTIVAS DOS ESTUDANTES DE   PSICOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA SOBRE AS POSSIBILIDADES DE PRÁTICA PARA A PSICOLOGIA EM COMUNIDADE
Maria de Fátima Quintal de Freitas Universidade Federal do Espírito Santo
As concepções sobre a prática da psicologia em diferentes setores da sociedade têm revelado significados e valorações derivadas de pressupostos filosóficos e orientações metodológicas distintas dentro da psicologia. Com a proposta de identificar tais orientações, que pudessem revelar tendências e posições no processo de formação dos futuros profissionais de psicologia, foi aplicado um questionário, com perguntas abertas e fechadas, a 20 estudantes do 6° semestre de psicologia de uma escola pública na região sudeste. As perguntas referiam-se à Psicologia Comunitária, às concepções sobre a sua prática, as habilidades e características de formação consideradas necessárias e às diferenças percebidas com relação às outras práticas psicológicas. A Análise de Conteúdo revelou um direcionamento de posições quanto ao trabalho esperado do(a) psicólogo(a) comunitário(a). As respostas indicaram a necessidade do profissional desenvolver trabalhos voluntários junto aos setores desfavorecidos; excluíram a possibilidade do trabalho se aproximar de uma prática clínica; e revelaram como necessários os conhecimentos oriundos da antropologia, do materialismo histórico e noções sobre a história do país e da comunidade em questão. Aparecem como características importantes ao desenvolvimento dos trabalhos, a contribuição à formação da consciência e estabeleci-mento de compromissos políticos com setores envolvidos, embora não sejam explicitadas as formas de viabilização. Pode-se concluir sobre a necessidade de análises a respeito dos paradigmas presentes nas diversas práticas psicológicas, podendo-se caracterizar a identidade do(a) psicólogo(a) comunitário(a) para além do mero comprometimento político-ideológico.
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INSTITUIÇÕES, VIOLÊNCIA E VIDA SOCIAL
Coordenadora:
        Karin Ellen von Smigay
 
DESENVOLVIMENTO DOS RELACIONAMENTOS SOCIAIS: A RUA COMO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO
Maria de Fátima Pereira Universidade Federal da Paraíba
Este trabalho é resultado de uma experiência que vem sendo desenvolvida na disciplina psicologia do desenvolvimento I do curso de psicologia da UFPB. Diz respeito as uma concepção de ensino, atividade por mim desenvolvida, que visa realizar na prática a articulação do ensino, pesquisa e extensão. Este relato é também fruto de uma concepção de psicologia, concebida como estudo de fenômenos                 psicológicos de sujeitos sociais. O levantamento dos dados é feito através de questionários e entrevistas,  juntamente com os alunos da disciplina, os quais têm a oportunidade de compreender o processo de desenvolvi-mento de crianças no meio popular, cujo conhecimento não consta nos manuais de psicologia do desenvolvimento.
O objetivo deste trabalho é compreender o processo de                    desenvolvimento social dos meninos de rua: dados indicam o rápido amadurecimento através de trabalho, sexualidade, marginalidade e drogas; responsabilidade da família pela ida para as ruas; inexistência da escola como agente socializador; relação ambígua entre companheiros de rua, variando da cooperação à agressividade. O resultado da pesquisa é remetido via extensão para organizações governamentais e não                    governamentais que atuam com meninos de rua, assessoradas pelo GTCA / SEAMPO, bem como usado na capacitação dos alunos, futuros profissionais.
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SOBRESTAR: UMA PRÁTICA PARADOXAL NA DELEGACIA ESPECIALIZADA EM CRIMES CONTRA A MULHER DE BELO HORIZONTE?
Karin Ellen von Smigay
Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher - NEPEM Departamento de Psicologia - UFMG                                Financiadoras: FAPEMIG, UNIFEM I NIPAS
BREVE DESCRIÇÃO DO PROBLEMA: Realizando a pesquisa. Violência Doméstica: caso de polícia e da sociedade. em Minas Gerais, com o objetivo de mapear a violência de gênero - doméstica e intrafamiliar - e trabalhando na Delegacia da Mulher em Belo Horizonte - DECCM, encontramos, como era de se esperar, a prática de instauração de inquéritos para quase todas as queixas. No entanto, a partir de 1992 há uma substantiva modificação nessa prática: Quase metade das queixas estão sobrestados ou, em alguns casos, paralisados, aguardando manifestação das vítimas. Desde que um dos intuitos, por ocasião da criação de delegacias especializadas, era modificar a prática da .retirada de queixa., nos perguntamos acerca dos vários significados do sobrestar., termo usado para tal ação. Detectamos uma pressão externa, vinda da própria Secretaria de Segurança Pública para que se reduzisse o número de inquéritos ridículos que atravancam o Judiciário(sic) Procurando analisar, além desse, outros fatores estruturais, levamos em consideração a estrutura falocêntrica da organização social, com seu impacto sobre as representações do feminino e do masculino que acabam por nortear as práticas culturais - no caso as da delegacia, da Secretaria de Segurança Pública e da polícia em geral. Mas procuramos, nesta análise, considerar também os fatores subjetivos que levam as mulheres vitimadas a sustar um esforço interno de estabelecimento da lei, no sentido psicanalítico do termo, que é um dos significados do fazer uma denúncia pública. Assim, atravessam as relações sociais, para refletir sobre as contradições tanto das práticas individuais, quanto das práticas institucionais, mormente das delegacias de polícia.
PALAVRAS CHAVE: Violência de gênero, mulher, psicossociologia. OBJETIVOS:
I. A DECCM institucionalmente se organiza no sentido de dar pros-seguimento legal às queixas registradas como uma prática                 contraditória neste espaço institucional? Um objetivo é detectar essa possível contradição.
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3. Oferecer elementos de reflexão para um programa, já previsto, de formação de gênero para a Delegacia de crimes contra a mulher em Belo Horizonte - parte de um projeto de implantação de novas        políticas públicas voltadas para coibir práticas de violências.
METODOLOGIA:
1. Levantamento dos Boletins de Ocorrência (BOs) sobrestados na delegacia nos anos de 1992 e 1988, recortes dados pela pesquisa--mãe: Violência doméstica: caso de polícia e da sociedade.;
2. comparação com os Bos instaurados no mesmo período que tive-ram prosseguimento;
3. análise de conteúdo desse material;
4. observação das práticas de delegacias de polícia durante o período do levantamento de dados;
5. entrevistas com diferentes informantes: delegadas responsáveis, funcionários do cartório e do protocolo;
6. estudo da literatura sobre o tema;
7. elaboração de relatórios a partir de análises realizadas.         RESULTADOS E CONCLUSÕES PARCIAIS: Partindo da premissa de que a violência constitui elemento fundamental de enquadramento da mulher brasileira no ordenamento social de gênero, o domicílio mostra-se o locus privilegiado do exercício da violência contra a mulher como forma de controle social e de reafirmação do poder do macho. É nesse espaço que se dão 80% das agressões denunciadas, indicativo de que é na relação doméstica e intrafamiliar que a violência de gênero mais acontece.
Ao analisar a .retirada da queixa, verifica-se, também, que a maioria dessas denúncias era contra o parceiro e será esse um mecanismo de não puni-lo. Trazer luz sobre os diferentes significados dessa prática poderá nos possibilitar uma intervenção a nível individual - da vítima - e a nível coletivo - da delegacia da mulher, isto é: uma alternativa possível de operacionalização de novas políticas públicas, visando transformação social.
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A SÓCIO PSICOTERAPIA RAMAIN- THIERS         COMO PROCESSO DE REINTEGRAÇÃO PARA JOVENS INFRATORES
Solange Thiers (RJ)
Sônia Grubits Gonçalves de Oliveira (MS)      e colaboradores
Em 1994, sessenta adolescentes infratores, da Fundação de Promoção Social de Mato Grosso do Sul, foram submetidos à Sócio-Psicomotricidade Ramain - Thiers, em grupos de seis, atendidos em sessões de uma hora e trinta minutos, duas vezes por semana. Uma avaliação, em janeiro de 1995, demonstrou resultados satisfatórios e o trabalho deverá se ampliado este ano. A Sócio-Psicomotricidade Ramain- Thiers promove o desenvolvimento e a integração dos aspectos afetivos, motores, cognitivos e sociais, desenvolvendo-se a partir da demanda do grupo, percorrendo os momentos de evolução psicossexual ou seja, fase oral, fálica e genital. O instrumental desencadeante e a PSICOMOTRICIDADE, através de vivências corporais ou atividades de expressão motora fina. A interpretação ocorre medida pelo fazer e o terapeuta é ativo, escolhendo propostas de acordo com as fases de desenvolvimento psicossexual e facilitando a transferência central e lateral no grupo.
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CRIME, LEI E PSICANÁLISE
Cândida Maria de Oliveira Martins Lenita Balekian
Stella Cortes Badiz Berbel                       Universidade Estadual de Londrina - PR               Programa de Extensão Universitária - Pró-Egresso Conveniado à Secretaria da Justiça do Paraná
O presente trabalho, é realizado no Programa de Extensão da Universidade de Londrina-Pró-Egresso - conveniado à Secretaria de Estado da Justiça do Paraná, inserido na comunicação sobre Instituições, Violência e Vida Social. Aonde será descrito, o que pode a Psicanálise, em uma Instituição Interdisciplinar, ligada à questão da criminalidade. A psicologia do Programa, visa, através de uma escuta analítica, oportunizar ao egresso e apenado, a possibilidade de pensar sobre sua problemática, independente de valores morais ou preconceito. O egresso, é enviado ao Programa por determinação judicial, e sua pena tem procedência do regime aberto, sursis, livramento condicional ou prestação de serviços à comunidade. A apresentação do egresso na Instituição, é feita semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, e o atendimento, é realizado em sala individual. Já os apenados, passam pelo processo somente no caso de pedido próprio e são atendidos nos Distritos Policiais do Município. Ambos (Distritos e Programa), são realizados pelas áreas de Serviço Social, Psicologia e direito, nesta ordem. A Área de biblioteconomia, atua de forma indireta. Constata-se pelo atendimento da psicologia, o envolvimento do egresso com as questões de seu ser, para além do estigmatizado. Este resultado, é percebido, não só no momento do atendimento, como também no pedido de continuidade, após terminada a obrigatoriedade de seu compareci-mento ao Programa. Conclui-se que, a escuta analítica, possibilita ao egresso e apenado, relacionar-se de forma mais integrada consigo e com a sociedade.
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VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA: UM ESTUDO           DOS PROCESSOS CRIMINAIS NO FÓRUM DA COMARCA DE ASSIS NO PERÍODO DE 1980 A         1994
Vital Brasil Xavier da Silva         A. C. B. Silva
José Sterla Justo (orientador)
Depto De Psicologia Evolutiva, Escolar e Social Faculdade de Ciências e Letras de Assis - UNESP
A violência coloca-se como fenômeno central no cenário da sociedade Brasileira. Trata-se de algo que incide sobre todas as cama-das sociais e faixas etárias da população, sendo que são as crianças de menor idade as maiores vítimas. Com o objetivo de fazer um levanta-mento de dados sobre os casos de violência e maus-tratos praticados contra a criança nas últimas décadas, na cidade de Assis, procedemos um levantamento dos processos criminais do fórum desta Comarca relacionados ao assunto. Ao todo foram selecionados 360 casos (126 da década de 80 e 234 da década de 90) pertinentes ao objetivo da pesquisa. Na análise de cada processo foi considerado: a) o tipo de violência; b) identificação da vítima e do agressor (sexo, idade, relação de parentesco e cor); c) motivo da agressão; d) providências tomadas pela justiça em relação ao caso. Os dados coletados até o momento demonstram que: a) a maioria das agressões e dos maus-tratos ocorrem no interior das famílias sendo os próprios pais os agressores; b) as crianças do sexo feminino são as mais atingidas (71,5%), enquanto que os agressores são na maioria do sexo masculino (82%); c) desavenças com pais, travessuras e brigas aparecem como principais motivos da agressão e as tentativas de estupro ocupam o maior percentual dos casos (37%); d) arquivamento ou ,absolvição representam a quase totalidade dos desfechos dos processos.
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RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E PRÁTICA PROFISSIONAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O COTIDIANO DO MANICÔMIO             JUDICIÁRIO (MJ) NA PERSPECTIVA DE SEUS FUNCIONÁRIOS
Maria de Fátima Quintal de Freitas
Profa do Deptº de Psicologia Social e Desenvolvimento Adriano R. A. Nascimento
Bolsista - psicologia
Tábata G. Lopes
Bolsista IC / CNPq-psicologia Universidade Federal do Espírito Santo
 
As instituições asilares têm poucas informações sobre as quais torne-se possível realizar estudos sobre os fenômenos psicossociais, decorrentes da relação instituição-interno, interno-funcionário e inter-no-sociedade. Com esta preocupação foram entrevitados 10 profissionais, com idade de 26 a 64 anos, trabalhando em funções como médico, assistente social, enfermeira, professor de educação física, cozinhei-ra, almoxarife e seguranças. As respostas foram submetidas à Análise de Conteúdo criando-se categorias a posteriori. Os entrevistados indicaram que a religião tem como funções principais servir para reconhecer o valor divino (28,6%); proteção (23,8%); orientação / esclareci-mento (14,3%); resolução de problemas, responsabilidade pela vida e importância total (9,5%, cada). A maioria (40%) ingressou no MJ devido à transferência de outro órgão público; à falta de opção e necessidade de emprego (20%); ao desejo de ter um emprego público (13,6%); e 26,6% indicou não desejar trabalhar no MJ. As atividades desenvolvidas praticamente são as mesmas que o cargo ocupado exige; encontrando-se um maior conhecimento sobre o funcionamento e dinâmica do MJ naquelas funções do MJ naquelas funções que exigem um contato diário e contínuo com os internos. As sugestões para a melhoria referem-se a: tratamento medicamentoso, acompanhamento psicológico/psiquiátrico (30% cada); fornecimento de mais serviços e melhoria do ambiente (20% cada). Os motivos atribuídos aos crimes cometidos referem-se a características do indivíduo (não consciências, perda do controle ético, doença), e fatores externos (família, droga e diabo). Os profissionais mais adequados para essa realidade, em ordem de preferência, são psicólogos, psiquiatras; assistente social e enfermei-ro, e advogado. O problema dos internos resolver-se-á por ações go-
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vernamentais (23,07%); melhoria da estrutura física (23,07%); retorno à família (15,38%); trabalho em equipe (15,38%); tratamento                    medicamentoso (15,38%) e ajuda divina (7,69%). O trabalho é considerado importante para o MJ em termos de atender ao interno (38,5%); ajudar a manter o funcionamento da instituição (23,1%); cumprir as atividades (23,1 %), e atender às solicitações jurídicas (7,7%). Para o próprio 1uncionário seu trabalho é importante em termos de gratificação pessoal (26,7%); gosto pelo que faz (26,7%); dedicação ao paciente (20% );sobrevivência (13,3 %), e por opção (13,3 %). Verifica-se que ao mesmo tempo que os profissionais de nível superior tecem considerações sobre o papel e a identidade da sua profissão nesse contexto; são os demais funcionários que fazem identificações mais claras e precisas sobre os problemas vividos e as possibilidades de solução para os mesmos. A fim de se ter uma compreensão maior sobre as questões de saÚde e justiça, faz-se necessária uma participação dos diversos níveis profissionais, sem desconsiderar as especificações de cada um. (CNPq e PRPPG/UFES).
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FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM BELO HORIZONTE
Maria Lúcia Miranda Afonso Maria Ignez Costa Moreira
Visando levantar dados que subsidiassem programas de ação voltados para crianças e adolescentes, a Associação Municipal de                   Assistência Social - AMAS decidiu iniciar um estudo sobre a situação das famílias de crianças e adolescentes em Belo Horizonte. Tal estudo foi composto de um SURVEY e uma pesquisa qualitativa, realizados de maneira integrado mas apresentamos em relatórios separados. A AMAS decidiu ainda, com a finalidade de identificar problemáticas e áreas de atuação junto as famílias de crianças e adolescentes, realizar um Projeto Piloto de atendimento a famílias na Região Leste de Belo Horizonte.
Os dados levantados permitiram traçar um perfil das famílias em Belo Horizonte, que aponta para uma pluralidade da organização do cotidiano, dos papéis e das relações adulto e crianças.
Entre as questões mais significativas estavam aquelas que apontavam para a situação de violência, (cujo alvo é a criança e a mulher, violência ora vivida no espaço doméstico em outras instituições sociais, tais como escola ou vindas da policia); a gravidez na adolescência; a exclusão das crianças menores de 14 anos das creches e escolas e sua precoce inserção no mundo do trabalho, entre outras.
O Projeto Piloto foi desenvolvido a partir da formação de Grupos de famílias da Região Leste onde as temática mais relevantes foram trabalhadas sob a dinâmica dos Grupos Operativos. Os Grupos foram considerados espaços significativos para reflexão, para                     informação, a troca de experiências que levaram seus participantes a planejar ações no sentido de buscar soluções coletivas para os problemas do cotidiano.
A pesquisa tem norteado a ação da AMAS junto as famílias da Região Leste de Belo horizonte, cujas crianças e adolescentes são vendedoras de amendoim nas ruas de Belo Horizonte. O trabalho visa a criação de uma forma de geração de renda para os adultos e o retorno ou a inclusão das crianças e adolescentes nas creches e escolas. O projeto de geração de renda é tarefa de um grupo piloto de 20 famílias.
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SAÚDE, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Coordenador:
Milton, Athayde
 
TRABALHO E SAÚDE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Mary Yale Rodrigues Neves Nilma Maria U. de Medeiros Anísio José da S. Araújo         Sarita Brasão Vieira                Florinalva B. de Melo                    Simone S. da Silva
   Leni Teixeira Lins    
Universidade Federal da Paraíba
Esta comunicação visa apresentar a prática de intervenção e pesquisa que vem se desenvolvendo desde 1989 no Hospital                          Universitário (H.U.) da UFPB. Inicialmente voltando à constituição de um campo de estágio em Psicologia organizacional, este trabalho, em seguida, passa a ter como objetivo permanente gerar discussão, reflexão e análises que mobilizem para mudanças nas condições e organização do trabalho do H. U. Sua estratégia metodológica procurar assegurar a participação dos agentes internos no processo de planejamento e execução das mudanças necessárias para resolução dos problemas identificados e analisados coletivamente. Neste processo gerou-se uma dinâmica que conduziu à constituição da CIPA, para qual foi apresentada uma demanda de assessoria ao nosso grupo. Nesta trajetória mui-tos embates foram travados, alguns vitoriosos, outros não. O importante a destacar entretanto é a possibilidade que a CIPA oferece, embora eivada de restrições legais, de provocar uma discursam e uma ação em tomo da relação trabalho e saúde.
Como forma de subsidiar este movimento e a ação da CIPA, decidiu-se pelo desenvolvimento de uma análise de relações entre trabalho e saúde mental dos trabalhadores do setor de manutenção. A escolha deste setor deu-se por várias razões, mas sobretudo pela sua importância do funcionamento do hospital, e pelas possibilidades que se oferece de acesso à todas as unidades hospitalares. Esta investigação (que esta sendo concluída em agosto) tem apontado três eixos principais de análises: processo de trabalhos, estratégia defensivas e formas de questão, evidenciando situações deste tipo: precarização das condições de trabalho, fragmentação dos coletivos de trabalho, intensificando-se a presença de ideologias defensivas bloqueadas de uma ação conjunta, e o controle via recrutamento e a seleção de uma forma clientelista. Além do mais constata-se uma postura do tipo .Laissez-faire.
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frente à precariedade das condições e organização do trabalho no setor (criando-se uma questionável autonomia). O referencial teórico desta pesquisa está apoiado nas contribuições da psicodinâmica do trabalho, da ergonomia francesa, da medicina social e da sociologia do trabalho. A metodologia da pesquisa inclui observações que procuram acompanhar o curso da ação no setor e entrevistas.
 
SOFRIMENTO PSÍQUICO E TRABALHADORES   DE SAÚDE
Elizabeth Moreira dos Santos  Leonor de O. Costa                     Alexandre Magno T. de Carvalho
 
Aparentemente a expressão .sofrimento psíquico dispensaria maiores explicações. No entanto, a: abordagem desse objetivo por                diversos autores se caracteriza por relativa imprecisão e pela diversidade de denominações. De fato, trata-se de objeto difícil, marcado pela                singularidade de não se contrair em simples reduções e que se encontra, do ponto de vista conceitual, em momento de elaboração.
Situando-se em região fronteiriça, seria capaz de abarcar             diferentes experiências, cujo limite de suportabilidade, não quantificável, seria dependente das singularidades de quem as vive e de condições histórico-discursivas que desenhariam um cenário de possibilidades para sua elaboração.
Neste trabalho, fruto da pesquisa AIDS e Sofrimento Psíquico em Trabalhadores de Saúde - ENSP/CESTEH/CNPq., pretende-se discutir as tentativas de construção conceitual sobre o sofrimento psíquico, sua contextualização histórica e a subsunção de suas                     racionalidades à racionalidade clínica.
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RELAÇÕES DE TRABALHO E DIFERENÇAS NA QUALIDADE DO PROCESSO DE          ENVELHECIMENTO
Cláudio Sérgio Maffioleti Universidade Federal da Paraíba
 
O presente trabalho é o fruto de observações desenvolvidas ao longo de cinco anos de atividades acompanhado semanalmente Grupos de Idosos da classe trabalhadora em Clubes de Bairro, como objetivo de criar condições de envelhecimento, e de uma investigação qualitativa sobre as condições de vida de Gerontes da cidade de João Pessoa, constando de entrevistas semi-dirigidas com o número de vinte idosos.
É verificável que os idoso atuais que participam desta                 investigação viveram em sua maioria uma infância e adolescência ligados a vida no campo e que somente com o aperfeiçoamento do sistema           urbano e de emprego aliado ao êxodo rural, vieram a ter uma experiência citadina no que diz respeito a moradia. Com relação ao trabalho no entretanto, somente um pequeno número deles é que vivenciou a                     experiência formal através do sistema de empregos. A maioria manteve relações produtivas semelhantes às anteriores, trabalhando em atividades suplementares ao sistema formal (biscate), bancas em feiras livres, micro-empreendimentos familiares. Há um número significativo de idosos nordestinos ainda presos a relação com as cidades interioranas e proprietários de terras. Estes formam hoje um grande contingente de trabalhadores aptos, porém desempregados reclamantes de situações mais apropriadas para manutenção do seu processo produtivo nesse período de mais idade. Muitos não são aposentados, são homens e mulheres que vivem morando de favores de proprietários de terra e do atendimento político, muitas vezes responsáveis pela sobrevivência de filhos e netos (subtendidos todos à mesma violência social).
Tal realidade apresenta uma grande população de Gerontes com uma experiência e uma auto-imagem diferente daqueles aposenta-dos pelo sistema de emprego formal. Conseqüentemente seu entendi-mento da velhice é qualidade diferente e aponta para responsabilidade de ideologia do Estado na produção de diferentes maneiras no envelhecimento social. A própria relação de sobrevivência altera sua inserção no quadro da família, sua valorização no ambiente e a relação com o envelhecimento físico. Convivem num mundo que desaba o desvelamento das relações próprias à sua práxis.
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DIVERSIDADE CULTURAL E LINGÜÍSTICA: A CLÍNICA COM UM OLHAR PSICOSSOCIAL
Danielle M. de Sátiro
Eniel Oliveira (Orientador) Departamento de Psicologia Universidade Federal de Pernambuco
Estudos recentes, a partir dos crescentes abandonos dos                processos psicoterápicos por parte dos sujeitos pertencentes às classes trabalhadoras, têm elucidado a existência de diferentes referenciais formadores de subjetividades. Essas diferenças levaram estudiosos a criarem o campo de discussão da diversidade cultural c lingüística. Este tem como uma das finalidades refletir sobre os questionamentos quanto à eficácia dos atendimentos psicoterápicos com sujeitos das referidas classes. Neste sentido, objetivamos investigar se, e em que medida a discussão da diversidade cultural e lingüística está contida nos discursos dos alunos concludentes do segundo semestre do ano de 1994, na graduação em psicologia da UFPE quando eles tematizam sobre doença/saúde mental, causalidade, cura e tratamentos. Realiza-mos, para tanto, entrevistas semi-abertas com 9 dos 16 concludentes, que foram analisadas segundo os critérios para análise de conteúdos, buscando-se caracterizar as supracitadas categorias. Verificamos que o grupo estudado não apresenta nos conteúdos de seus discursos, as questões eu compõem a referida discussão. Não há uma relativização da apreensão cognitiva do sofrimento psíquico, do homem e das concepções que permeiam as relações psicoterápicas. Preocupados com o tipo na universidade para lidar com clientes, principalmente com os provenientes das classes trabalhadoras, pretendemos contribuir para o desenvolvimento da pesquisa básica em psicologia clínica, bem como, apresentar à instituição informações acerca dos conteúdos oferecidos, mostrando a necessidade desses conteúdos considerarem o nosso contexto sócio-histórico-cultural-econômico, como aspectos produtores de diversos tipos de subjetividades.
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FORMAÇÃO NA AÇÃO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE JOÃO PESSOA
Bernadete Oliveira
Edil Ferreira da Silva
Helder Muniz
Helena Muniz
Helena Lins
                                       Nilton Silva
                           SEAMPO / CCHLA / UFPB
Este trabalho vem sendo desenvolvido desde 1991, a partir de uma demanda de sindicato dos trabalhadores da Construção Civil de João Pessoa ao SEAMPO (Setor de Estudos e Assessoria a Movimentos Populares), constituindo-se uma parceria técnica entre nós, da UFPB, técnicos da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) e um representante da diretoria do sindicato. Trata-se de uma doença no interior de uma estratégia sindical de captação técnica e política dos trabalha-dores para que atuem como agentes multiplicadores na organização e luta dos operários, particularmente nas questões relativas a Saúde e Trabalho. A primeira fase do trabalho constou de um curso para integrantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) organizando em forma de módulos (06), com participação de cipeiros de oito empresas. Na avaliação dos trabalhadores o curso foi fundamental em sua formação, mas consideraram importante reproduzi-lo nos canteiros de obras, para que os outros trabalhadores, tendo acesso às discussões atuassem junto com os cipeiros na luta política pela Saúde. A partir desta demanda e da avaliação do Curso feito pela equipe, planejou-se a realização de um Ciclo de Debates nos canteiros de obras, que constituiu em quatro módulos com os seguintes temas: Legislação sobre CIPA (NR-5); Legislação específica sobre Construção Civil (NR-18); Processo Produtivo e Doenças Ocupacionais. Este trabalho atingiu aproximadamente 400 operários, de mestres a serventes.
A metodologia tem a perspectiva que o trabalhador seja sujei-to do processo educativo, baseada no diálogo / confronto entre saberes popular e científico sobre Saúde e Trabalho. As principais influências técnico-metodológicas deste trabalho são: Psicodinâmica do trabalho (Cru e Dejours, em sua análise das estratégias ideológicas defensivas, Regras de oficio e Coletivos de Trabalho na Construção Civil); o Mo-delo Operário Italiano (ODONNE) e nas refundições latino-americanas (NORIEGA e LAURELL) com a valorização do saber operário sobre o
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processo de Trabalho e a Saúde para intervenção política na                    transformação das condições de trabalho e a Pedagogia da pergunta (Freire) norteando a prática educativa.
A avaliação foi feita no decorrer do trabalho e ao final com entrevistas feitas nos canteiros. Os resultados deste trabalho já                identificados, foram: o aumento de queixas relativas a saúde e segurança dos trabalhadores, um questionamento por parte destes da formação autoritária das CIPAs e a propagação destes questionamentos em outros canteiros por trabalhadores atingidos pelo curso. Pôde-se verificar também o aperfeiçoamento da luta através da busca de novas cláusulas referentes a saúde na convenção coletiva na categoria posterior ao trabalho.
PROJETO DE ANÁLISE E REFORMULAÇÃO DE         UM PROGRAMA DE PLANEJAMENTO FAMILIAR               - EXPERIÊNCIAS EM UM HOSPITAL-ESCOLA
    Genilce R. Cunha
   Juliana O. Braga
      Glaucia M. Queiroz    Departamento de Psicologia - UFMG
O Hospital Carlos Chagas é o ambulatório da UFMG                responsável pelos trabalhos ligados à obstetrícia e ginecologia. Há onze anos vem se realizando um programas de planejamento familiar, aberto à comunidade através de uma equipe formada por assistente social,                enfermeira, médicos residentes e auxiliares de enfermagem. O programa vem demandando duas possíveis frentes de trabalho para alunos de Psicologia: sustentação para a própria equipe do hospital no que se refere às questões de sexualidade e um trabalho com as usuárias do programa que trazem freqüentemente dificuldades de ordem psíquica. que as impedem de fazer uso adequado e eficaz de métodos contraceptivos.
OBJETIVOS: 1) Propiciar uma análise de um Programa de Planejamento Familiar a partir da dinâmica de uma organização, o Hospital .Carlos Chagas. da UFMG. 2) Propiciar o conhecimento dos processos de uma construção de uma identidade de gênero a partir dos usuários do programa do hospital. 3) A partir da referência de gênero, como um dispositivo, criar mecanismos para que a organização incor-
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pore tal categoria nas suas práticas institucionais. 4) Desenvolver um novo formato para o programa visando à maior eficácia deste.
METODOLOGIA: Para tanto, desenvolveu-se uma metodologia que envolve entrevistas, observação de campo, estudos teóricos, visitas a programas similares de planejamento familiar de outras instituições, pesquisa de material audiovisual e sobre o assunto e sobre técnicas de dinâmica de grupo aplicáveis a este contexto. Este trabalho vem sendo posto em prática por um grupo de estudantes de Psicologia, com o apoio do Núcleo de Estudos de Pesquisa sobre a Mulher (NEPEM / UFMG).
CONCLUSÕES: O trabalho está em vias de implementação.
Este primeiro semestre foi necessário para a análise da instituição e elaboração de propostas de reformulação a ser concretizada a partir do segundo semestre de 1995. Concluímos que existem realmente dificuldades em relação as questões de sexualidade (tanto para a equipe, quanto para as usuárias do serviço) e quanto ao uso de contraceptivos. Para a sustentação dessas questões, é preciso buscar junto às usuárias o saber que têm sobre seus próprios corpos e sexualidade como elemento fundamental na construção da identidade de cada uma. Além disso, é necessário trazer, de alguma forma, o parceiro para a cena desta discussão, visto que concepção / contracepção seria uma questão de dois .
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COTIDIANO E EMOÇÕES NO PROCESSO               SAÚDE-DOENÇA: ANÁLISE PSICOSSOCIAL DA HIPERTENSÃO ESSENCIAL
Sueli Terezinha Ferreira Martins Departamento de Psicologia              UNESP / Campus de Bauru – SP
 
O objetivo deste trabalho foi resgatar o processo saúde--doença em mulheres hipertensas, buscando compreender o papel da experiência cotidiana e do sentido que o indivíduo lhe atribui nesse processo.
Em primeira fase da pesquisa foram entrevistadas 57 mulheres, entre 41 e 70 anos, usuárias do serviço de saúde municipal em Bauru. Foram coletadas informações sobre a origem do individuo, trabalho, religião, posição socioeconômica, relacionamento familiar, saúde e expressão de sentimentos. Os resultados da primeira fase indicaram que os principais pólos de tensão vivenciados pelas mulheres, e que se relacionam com a cronificação de hipertensão, giram em tomo da relação homem/mulher: alcoolismo; agressão física à mulher e filhos; relação extraconjugal; doença do marido. O trabalho fora de casa e a participação religiosa foram indicados como importantes no controle do nervosismo e da pressão arterial.
Na segunda fase da pesquisa foram relacionados sete casos: três casos relacionavam a alteração da pressão com problemas familiares; dois casos envolviam a participação religiosa em igrejas pentecostais; e outros dois indicavam que a hipertensão iniciou-se na última gravidez. Foram realizadas entrevistas centradas no processo saúde-doença: histórico da doença; causalidade, tratamento e controle.
A pesquisa indicou que, segundo a perspectiva desse grupo de mulheres, os sentimentos negativos (raiva, medo, tristeza, vergonha) estão associados ao espaço privado, enquanto os aspectos positivos (trabalho fora de casa e participação em grupos religiosos ou não) relacionam-se ao espaço público. O trabalho e a participação religiosa possibilitam espaço para relações sociais e desenvolvimento de                    atividades que aliviam as tensões do dia a dia. A religião, no entanto, atua como controladora de emoções e, diferentemente do trabalho remunerado, toma-se mais dependentes de seus familiares.
Essa pesquisa possibilitou-nos verificar que a hipertensão                essencial, como todo o processo saúde-doença, não se limita ao aspecto clínico. Para sua compreensão, necessita-se inseri-la num contexto
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mais amplo, considerando a experiência cotidiana e a subjetividade como fundamentais.
TRABALHO DOCENTE E SAÚDE
Luciano de Sousa Silva       Mary Vale Rodrigues Neves Milton Athayde
Grupo de Pesquisas Subjetividade e Trabalho Universidade Federal da Paraíba
 
Esta comunicação visa apresentar a emergência de uma Linha de Pesquisa, no interior do Grupo de Pesquisas Subjetividade e Trabalho / UFPB, tratando das relações entre trabalho docente e saúde / sofrimento psíquico. No campo da educação pública brasileira, encontramos a escola em um quadro de degradação, precarização, cuja excludência e improdutividade são a sua produtividade, mesmo estando aí seu papel estratégico (Frigotto, 1984). Neste contexto se situa um grande contingente de trabalhadores docentes, visualizáveis enquanto significativo movimento social a partir dos 7° anos. Com o objetivo de investigar as relações entre trabalho docente e saúde / sofrimento             psíquico, perguntamos em que medida fatores como a crise e              desaquecimento de seu movimento social, o crescente rebaixamento salarial, o modo de implementação de conquistas (como eleição de diretor), a modernização de corte neo-liberal anunciando uma lógica de rentabilidade centrada no mercado (produtividade, qualidade?), a forte presença feminina marcando um tipo de jornada de trabalho educativo, incidem sobre a saúde / sofrimento psíquico, operamos com um conjunto de instrumentos teórico-metodológicos baseada na Ergonomia Situada (Wisner), Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, Carpentier-Roy), Abordagem do desgaste! Saúde Mental (Seligman Silva), Epidemiologia (Silva Filho), Abordagem da Divisão Sexual do Trabalho (Lirata, Kergoat), cuja amplitude tem relação com o caráter multideterminado das questões em análise.
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SAÚDE E TRABALHO DE TELEFONISTAS:
CONSULTORIA COMO ESTRATÉGIA DE AÇÃO           DO CERESAT
Edil Ferreira da Silva
Madalena Q. do Nascimento              CERESAT / NESC /SEAMPO / CCHLA / UFPB
Este trabalho é o fruto de uma demanda do SINTEL (Sindicato dos Trabalhadores em Telefonia no Estado da Paraíba) que diante da elevada incidência de problemas de saúde apresentadas por trabalhadores, cujas queixas mais citadas relacionam-se à perda da acuidade auditiva, tenocivite e stress, procurou o CERESA T (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) da UFPB. O CERESAT tem, entre suas estratégias de ação (ambulatório, Fórum de Saúde do Trabalhador, etc.), esta que denominamos consultoria. Diferentemente da assessoria usualmente praticada, é uma atividade totalmente determinada, cujo objetivo principal é capacitar os dirigentes sindicais e trabalhadores para assumirem o papel de agentes de processo de questionamento da problemática da saúde e trabalho. Esta perspectiva incorpora o conceito da não delegação dos direitos de conhecer e propor ações na área de saúde e trabalho, que deve ser assumido pelos próprios trabalhadores ou seus representantes sindicais.
Como parte dessa consultoria ao SINTEL foi realizada uma observação geral do processo de trabalho do setor  tráfego da empresa Telpa (Telecomunicações da Paraíba) como o objetivo de verificar os efeitos do trabalho sobre a saúde da categoria dos telefônicos. Em seguida, a atenção foi dirigida ao processo de trabalho das telefonistas, por ser um grupo profissional que mais apresentava queixas de doenças profissionais e por representar o maior contingente de trabalhadores da empresa. De acordo com leitura, podemos constatar que o trabalho das telefonistas é sem criatividade, o atendimento é padronizado e repetitivo, das telefonistas se exige acuidade e principalmente paciência (Buongfiglio, 1990). A partir da observação direta da situação de trabalho encontramos melhor compreensão no nexo casual entre a atividade das telefonistas e os problemas de saúde apresentando por estas trabalhadoras.
Diante da problemática apresentada, foi proposto ao SINTEL a formação de grupos homogêneos para a construção do Mapa de Riscos do local de trabalho e a realização de Semanas de Saúde do
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Trabalhador - Semsat com temas referentes às problemáticas de saúde dos trabalhadores, dentro de uma visão crítica.
A implementação dessas propostas por parte do sindicato,             inclusive com o envolvimento da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da Telpa pode oferecer indícios iniciais da eficácia da estratégia de consultoria adotada pelo CERESAT, que está sendo               avaliada processualmente.
COMUNICAÇÃO E INTELIGÊNCIA COLETIVA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE              CONHECIMENTO SOBRE TRABALHO, SAÚDE E VIDA SOCIAL
Milton Athayde
Grupo de Pesquisas Subjetividade e Trabalho Universidade Federal da Paraíba
Neste trabalho procura-se chamar a atenção, em primeiro lugar, para as relações entre pesquisadores e grupos que produzem                           conhecimento do domínio deste GT, marcados muitas vezes por             limitações de individualismo e isolamento (nacional e internacional).
Em segundo lugar aprecia-se a situação paradoxal que envolve: por um lado o forte caráter social da temática, as implicações crescentes da modernização em curso, financiamento público da formação / desenvolvimento dos pesquisadores e das pesquisas; por outro lado, o reduzido acúmulo de conhecimento e sua frágil socialização.
Entendemos que estão em curso algumas experiências que operam em outra lógica, podendo vir a configurar a elaboração de uma inteligência coletiva neste campo de estudos, instrumentada na                 informática, lastreada em valores não concorrências.
Apresentamos as experiências, em constituição, da .Rede             Interuniversitária do Trabalho - UNITRABALHO e Por Uma rede Inter-nacional: Trabalho, SaÚde e Modos de Vida no Brasil, como                 possibilidades concretas nesta direção.
Apresentamos ao debate tal questionamento e possibilidades, visando o estímulo para que este GT da ABRAPSO junte-se a este esforço atual.
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COLETORES DE LIXO· CONDIÇÕES DE SAÚDE        E TRABALHO
Tereza Luiza Ferreira dos Santos         MT - FUNDACENTRO/SP
Introdução: Este estudo surgiu em função de uma solicitação do sindicato dos trabalhadores da limpeza pública da cidade de São Paulo e constituiu-se, também, em objetivo de investigação do curso de mestrado em Psicologia Social na PUC/SP. Os primeiros contatos com esta categoria profissional possibilitou observar a penosidade do trabalho, bem como aspectos positivos, situações de trabalho que podem gerar alegria, apesar do tipo de trabalho executado. O interesse voltou-se para os coletores de lixo (aqueles que correm e recolhem os sacos de lixo deixados nas portas das residências) e a literatura, mostrou-nos a grande incidência de acidentes de trabalho, como entorses, contusões, fraturas, cortes e um conjunto de dores nos braços e pernas.
Objetivo: Conhecer como estes trabalhadores executam sua atividade de trabalho, conhecer seu mundo, bem como as queixas de saúde e dificuldades relacionadas à organização e condições de trabalho; subsidiar o sindicato da categoria nas lutas por melhores condições de trabalho e de vida.
Metodologia: Estudo qualitativo, etnológico, utilizando-se, predominantemente da observação participante. A observação                  participante se deu em duas situações, acompanhando a jornada de trabalho de uma equipe de coleta, as assembléias e paralisações da categoria, testas e comemorações, posse de diretoria. Foram realizadas entrevistas com coletores de lixo, dirigentes sindicais, fiscais das empresas prestadoras dos serviços de limpeza pública, chefias, representantes das CIPAS, ex-coletores de lixo. Os dados foram registrados em fitas K-7, fotografias, desenhos e no registro de campo.
Resultados: Os coletores de lixo tem uma jornada de trabalho de 7:20 horas diárias, sendo que em algumas empresas, além da coleta de lixo fazem também a limpeza das roas de feira livre, chegando a uma jornada de até 14:00 horas, correm em média de 20 a 30 quilômetros por dia, em setores previamente designados pela empresa. O trabalho de campo revelou algumas situações problemáticas para os coletores, tais como: pegar cachorro morto e o cheiro de lixo; sacos de lixo com vidro, seringas e agulhas; veículos de coleta sucateados e ferra-mentas inadequadas; equipamentos (de proteção) de segurança que impedem a execução do trabalho. Problemas de saúde: problemas de
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pele, respiratório, do trato urinário, auditivos, musculares,                  contaminações, leptospirose, etc. Os coletores enfrentam a marginalização da comunidade e o cheiro do lixo que entra pelas suas peles e corpos.
PSICOLOGIA SOCIAL E SAÚDE PÚBLICA
Mário Ângelo Silva
I - Introdução: Saúde Pública do Brasil; os determinantes sociais e econômicos no processo saúde / doença, a Saúde Mental na Constituição de 1989. O modelo de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde: a fragmentação do individuo e da sociedade. Os problemas de saúde mental como problemas de saúde pública. A participação dos profissionais da saúde e da população usuária na formulação, questão e avaliação das notícias políticas e ações no campo de saúde.
2 - Uma experiência interdisciplinar e multiprofissional: O programa Saúde Brasília e nosso projeto de pesquisa - .Construção de indicadores sociais para a viabilização do SUS no Distrito Federal.. A articulação entre a Universidade, Serviços de saúde e a comunidade. Os psicólogos do sistema público de saúde: formação e capacitação inadequadas; a adoção do modelo médico-assistencial no atendimento psicológico; a delimitação institucional para o atendimento essencial-mente clínico; a escassez de recursos humanos, tanto no nível técnico / administrativo na formulação de políticas públicas para a saúde, quanto na execução de programas e ações de atenção à saúde, materializadas na prestação de serviços à população usuária. Saúde Mental e cidadania. A concretização de princípio: .saúde como direito do cidadão e dever do Estado; equidade, universalidade e integralidade no modelo assistencial para a saúde pública.
3 - Algumas considerações: Impasses e perspectivas para a construção de uma psicologia social da saúde; o espaço da Psicologia no modelo de atenção à saúde previsto pelo SUS; as mudanças                      institucionais, organizamentais e comportamentais necessárias para sua viabilização; a questão do acesso, do vinculo, acolhimento e                  resolutividade das ações voltadas para a saúde mental, na perspectiva curativa e preventiva. Distritos Sanitários e descentralização administrativa: o nível local como espaço de mudanças.
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ATENDIMENTO CLÍNICO NO POSTO DE SAÚDE DO JARDIM DO SOL
A. C. Machado
E. C. Rodrigues
Lydia Akemi Onesti
R. C. Sant'Anna                       Universidade Estadual de Londrina Bolsistas CEC/UEL
Este trabalho refere-se a uma tentativa de sistematizar o               atendimento clínico junto a um Posto de Saúde, que é frequentado por uma população de baixa renda, que carece de tal trabalho. Inicialmente, as atividades consistiam de realização de triagens, aconselhamento            psicológico e orientações gerais. Posteriormente, mesmo mantendo estas atividades, gradativamente foram criadas as condições necessárias para o desenvolvimento e a implantação de um atendimento mis sistemático. Para tanto, foram realizadas visitas domiciliares e a confecção de cartazes, informando os dias e os horários de permanência das estagiárias no Posto. Foram também dadas as orientações aos atendentes do Posto sobre essa nova proposta de trabalho, ficando sobre a responsabilidade dos membros o controle dos atendimentos. 05 atendimentos são feitos individualmente, com duração de 50 minutos, sendo a data de retomo combinada entre a estagiária e o cliente. A clientela atendida consiste de adultos, adolescentes e crianças. Previu-se também a necessidade de um trabalho interdisciplinar com a medicina, enfermagem, professores e orientadores educacionais, o que foi realizado sempre que necessário. Após três anos pode-se constatar que foi possível desenvolver a proposta de sistematização do atendimento, visto que a freqüência e o comparecimento às sessões marcadas é elevado, dificilmente ocorrendo faltas ou cancelamento das mesmas. Este trabalho, além de garantir o atendimento clínico sistemático à população carente, contribuiu para o crescimento e aperfeiçoamento profissional das estagiárias e professores, bem como para o desenvolvimento de reflexões sobre as estratégias de intervenção da Psicologia em saúde comunitária, através do envolvimento direto com a clientela e a equipe de trabalho.
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DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA         NO CONTEXTO URBANO DA REALIDADE BRASILEIRA
Dirce Maria Bengel de Paula Universidade de São Marcos-Unimarco
A partir do contato com alunos estagiários do 9° semestre de Psicologia, através de supervisão de atendimentos clínicos realizado em instituição (clínica-escola), deparamo-nos com a realidade de que o despreparo do período de formação que antecede a especialização traz como implicação um atendimento repleto de inseguranças e incertezas que em muito inviabilizava a compreensão do fenômeno que se desenrola à rente do estagiário podemos compreender, a partir das supervisões, o surgimento do medo desconhecido, o cliente objeto de tantas reflexões no período de formação, mas nunca visto de frente como um processo de interação, as fantasias dos estagiários são de não dar confiança adequada a queixa trazida em função de se ver perdido na busca do modelo de Psicólogo. Nossas questões passam a ser: Qual o mo-mento mais adequado para estar em frente ao cliente? Após a aquisição de todo um arsenal teórico? A prática deve ser antecipada (RISCO DE INADEQUAÇÃO). Por parte do aluno em razão de falta de conheci-mento de uma técnica específica? Qual o risco que a universidade, através dos professores e supervisores, se propõe a enfrentar?
Propomo-nos através da disciplina de psicologia do                   desenvolvimento, do curso de Psicologia da UNIMARCO, verificar tais questões através de: 1) Apresentação de referencial teórico enfocando os processos relativos ao desenvolvimento da criança sobre o ponto de vista emocional; 2) Propiciar um espaço de atuação prática ao aluno de 4 semestre, com o intuito de viabilizar a critica em relação ao saber psicológico e ao ser Psicólogo. 3) Contextualização da realidade urbana da criança brasileira através do contato com as mais diversas temáticas psicossociais na tentativa de reconhecimento na demanda social que se apresenta à Psicologia contrapondo modelos já existentes provenientes de outras culturas.
O método de investigação é utilizado e o de observação (modelo LA VSIOCK-MAKIHA HARIS) O aluno opta em realizar quatro observações, semanais, com duração de uma hora, em instituições que prestam algum serviço a crianças de até 18 anos (Creche, Centro da Juventude, Pré-escola, Escola de I ° Grau, Internatos) a partir dos quais elabora relatórios que são supervisionados por monitores e
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pelo professor, a partir da análise desses (tendo como referencial teórico a Psicanálise) o aluno elabora um relatório de intervenção junto a instituição. A etapa seguinte consiste na aplicação de intervenção pro-posta em mais quatro encontros a partir dos quais será elaborado um relatório final onde toda a proposta será avaliada bem como os resulta-dos obtido, o mesmo projeto será desenvolvido na casa das crianças  em que haja um pedido para a realização da observação que por indicação da instituição quer por pedido da própria família, a partir da queixa onde um vinculo familiar esteja em questão. As intervenções são realizadas através de dinâmicas de grupo no sentido de mobiliza-los à consciência de se e dos papéis desenvolvidos na instituição, bem como sobre a vida institucional na perspectiva da criança. Podemos constatar que a instituição que presta atendimento à criança carente acaba por proteger-se da angústia da separação familiar através de uma programação. A figura dos monitores, tias e professores acabam sendo depositárias de toda a ansiedade frente a dificuldade das crianças em lidarem com os limites institucionais. Esses técnicos não são prepara-dos para lidar com as frustrações de um trabalho que envolve mais aspectos emocionais e sociais do que pedagógicos, como propõe a instituição.
A experiência do contato com o objetivo concreto da psicologia do desenvolvimento propiciou uma aprendizagem mais eficaz sobre os modelos teóricos existentes e a necessidade de serem construídos modelos próprios para cada realidade. A percepção de que o mo-delo de desenvolvimento não é estático, preso ao modelo de maturacional, permitiu que o aluno vislumbre uma Psicologia do desenvolvi-mento onde observa-se a relação da criança com o ambiente enquanto reflexo de uma dinâmica relacional dialética onde a história social e a história pessoal dos indivíduos estão intimamente interligadas na construção de uma personalidade saudável.
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A DIVERSIDADE CULTURAL E LINGÜÍSTICA:
ABORDANDO O UNIVERSO DOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS
Karina Galvão Adrião
Eniel Oliveira                                  Departamento de Psicologia              Universidade Federal de Pernambuco
Objetivou-se com este trabalho aprofundar o estudo das noções de doenças, causalidade e cura, construídas por indivíduos pertencentes aos cultos Afro-Brasileiros; evidenciando o discurso acerca da doença e da saúde mental. Dessa forma, foi sublinhado como estas são caracterizadas, sua causalidade e a noção de cura envolvida. Baseou-se em estudos (Costa, 1986. 1987, 1989, 1992, 1994; Duarte, 1986; Be-zerra, 1982, 1983; Borges, 1988; Nicolaci da Costa, 1989; entre outros) referente a diversidade cultural e lingüística na sociedade Brasileira. Estas pesquisas, constatam a existência de outras concepções diferentes da formadas e reconhecidas dentro do modelo de indivíduo individualista (que permeia o campo da Psicologia Clínica), evidenciando a necessidade de investigação e comprovação de tais noções. O presente estudo foi realizado a partir de dados secundários, através do levantamento bibliográfico referente ao universo em questão. Estes foram organizados em tomo de três dimensões: doença/saúde, causalidade e cura, recortadas das obras dos seguintes autores: Montero (1985), Loyola (1984), Prandi (1983), Augras (1983, 1986), Guedes (1989), Ribeiro (1982, 1988), Araújo (1945), Lépine (1992). Destacou-se, em cada autor as citações referentes a cada uma das dimensões consideradas, agrupando, logo após, todas as informações. De posse dessas três grades conceituais, foram processadas as categorizações, de acordo com a análise de conteúdo de Bardin (1994). Verificou-se que há uma dicotomia com relação ao conceito de doenças, sendo estas separadas em doenças materiais e doenças espirituais. As mesmas são significadas, passando a envolver uma quebra da relação entre o doente e o sobrenatural, com os ancestrais, ou com os outros indivíduos. Uma ruptura, quebra ou desordem nas relações entremeiam as três dimensões estudadas, sendo estas significadas por este ponto de contato.
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EDUCAÇÃO E TRABALHO: QUEM É CAPAZ?
 
Ana Lúcia Coelho Heckert / Elizabeth Maria Andrade Aragão Centro de Estudos Gerais / Deptº de Psicologia / UFES                       Maria Elizabeth Barros / Sônia Pinto de Oliveira                Coordenadores do projeto - professores do Deptº de Psicologia Solange Mascarenhas Bonfatti / Ana Cláudia G. Barreto     Cláudia Regina do Val Claure I Cristiane Teles                             Eduardo C. Ceotto / Emílio Médici Nolasco
Fátima Vicentini Abreu / Jerusa Zanotelli
Luziane A. Ruela / Márcia Cruces Cuevas
Márcia Lins Mangueira / Mônica F. S. Araújo
Regina Lúcia Souza / Rosivani Mauzoli
Samuel Louzada Castro de Oliveira
Alunos participantes do projeto
Universidade Federal do Espírito Santo
Vivemos em um mundo capitalístico. Este termo, criado por GUATTARI, abrange não só as sociedades capitalistas, mas também as que vivem .numa espécie de dependência e contradependência do capitalismo - modo de produção de subjetividade equivalente. A própria essência do lucro capitalista não se reduz ao campo da mais valia econômica: ela está também na tomada de poder da subjetividade.  Trazendo esta afirmativa para o campo do trabalho, constatamos que impõe-se por este sistema a necessidade de exercer controle sobre o processo de trabalho que, ao mesmo tempo, implica na produção de uma certa subjetividade do trabalhador, ou seja, concebe-se a divisão do trabalho como uma estratégia para dissociar o indivíduo do seu processo de trabalho, retirando a imagem da produção para um lugar de controle do processo. Essa chamada cultura capitalística produz indivíduos: normalizados, individualizados, organizados hierarquicamente fixando lugares estanques de saber-não saber, pensar-fazer, apto-inapto, capaz-incapaz. No âmbito da educação, a figura dos especialistas, dos técnicos, vincula-se à chamada divisão social do trabalho. Estes passam a gerir espaços em nome de competência, da verdade científica e do desenvolvimento. Hoje em dia são muito utilizados e difundidos na educação os cursos de treinamento, reciclagem, ou seja, de CAPACITAÇÃO dos profissionais que tem o objetivo de adestrar o docente ou técnico em uma nova atividade. Segundo o dicionário Aurélio define-se: capacidade - volume ou âmbito interior de um corpo vazio, qualidade que pessoa ou coisa tem de satisfazer para determina-do fim; capacitar - tomar-se capaz, habilitar-se, convencer-se, persua-
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dir-se; capacitação - ato ou efeito de capacitar. Partindo dessa reflexão, temos como objetivos do projeto analisar as diferentes instituições que se corporificam no cotidiano escolar, na Secretaria de educação do ES, nos movimentos sociais, desnaturalizando-as e possibilitando produções singulares, entendendo instituição como produção social. A instituição capacitação é um dos focos de análise. Como metodologia utilizamos os apartes teóricos da Análise Institucional, privilegiando o grupo como dispositivo para análise. Até o presente momento temos realizado intervenções junto à clientela alvo do projeto, acima descrita procurando, de um lado, um certo desmonte da CAPACITAÇÃO como treinamento, como preenchimento de um corpo vazio e apontando, de outro lado, movimentos de coletivização e de co-autoria das práticas educacionais que rompa com os chamados lugares de detenção do saber. Temos observado alguns efeitos positivos (movimentos já descristalizados) nas relações dos diferentes segmentos.
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PSICOLOGIA, MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA
Coordenadora:
Elizabeth Bonfim
 
RECICLANDO O COTIDIANO - UM ESTUDO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO LIXO
Ariane Kuhnen
Doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas, Sociedade e Meio-Ambiente
Centro de Filosofia e Ciências Humanas Universidade Federal de Santa Catarina
 
Este resumo apresenta aspectos de minha pesquisa de mestra-do em Sociologia Política/UFSC, em 1994. É um estudo de representações sociais (Moscovici, Jodelet e outros) da população que participa de uma política pública de resíduos domésticos (lixo). O Lixo tem se firmado como um problema ambiental urbano e juntamente com outros tem gerado problemas na qualidade de vida da população, exigindo novas posturas tanto da população quanto dos governantes. O Programa Beija-Flor/Coleta Seletiva de Lixo, em Florianópolis, é uma tentativa de buscar um tratamento mais adequado e que pressupõe envolvi-mento da população no elo principal da proposta: a triagem dos resíduos na própria fonte de produção, a casa.
Através de entrevistas realizadas com moradores de dois bairros onde está implantado o Programa Loteamento e Balneário, pude visualizar que a interação destes com essa política favoreceu a elaboração de representações sociais de valorização aos resíduos e responsabilidade quanto à problemática ambiental mais ampla. No pano de fundo dessas representações estão os processos socioculturais já existentes e os novos valores introduzidos através dos programas de educação ambienta. A proposta foi incorporada através da reorganização dos comportamentos individuais, familiares e das associações de moradores. O ato de separar os resíduos e o entendimento que evocam indicam um rearranjamento com seus valores antigos, provocando uma interação, ora superando-os, ora reproduzindo-os.
Se na dialética entre a natureza e o mundo socialmente                       construído o homem se transforma, nesta dialética produz a realidade e, com isso, se produz a si mesmo. Essa pesquisa constatou o rearranjo nos domicílios (ao triar os resíduos) e nos discursos (ao incorporar valores ecologistas) e a reorganização dessa nova representação social do meio ambiente, que levou-os a formularem uma nova ética da relação sociedade/natureza. O programa possibilitou que valores do pensamento ecológico tossem fundidos na vida das pessoas, pois os conceitos éticos trazem intrínsecos à sua formulação, uma ação. Esse estu-
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do encontrou seres humanos imbuídos de uma nova ética de ser cidadão.
RESISTÊNCIA PSICOLÓGICA E CONDIÇÕES DE VIDA EM MULHERES DE BAIXA RENDA
Lydia Akemi Onesti
Dissertação de Mestrado em Psicologia Social Instituto de Psicologia Universidade de São Paulo
A resistência psicológica foi investigada em mulheres de baixa renda, que trabalham como zeladoras em instituições de ensino superior na cidade de Londrina, tendo como foco de análise os processos e mecanismos protetores que fundamentam as suas estratégias de sobrevivência e as interrelações com o seu bem estar pessoal. A análise do desenvolvimento social, sob uma perspectiva psicossocial e                 desenvolvimental, necessária à compreensão das formas de negociação utilizadas nas transações com a realidade, fundamentou-se nos               pressupostos teóricos sustentados por RUTTER. O trabalho foi realizado com nove mulheres, na faixa etária de 40 a 60 anos, cuja renda familiar não ultrapassa ao equivalente a dois salários mínimos. Os dados sobre as experiências de vida foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas, procurando identificar aspectos relacionados à infância, vida adulta e prospecção futura. A análise do período da infância permitiu a identificação das relações sociais que permearam os demais períodos. Foram detectados: dificuldades no relacionamento com os país, baixas possibilidades de estabelecer amizades; falta de oportunidade de freqüentar escola. Na vida adulta foram consideradas as seguintes situações: casamento; alcoolismo; agressividade; dificuldades econômicas e financeiras. E, finalmente, na vida futura, as expectativas e aspirações de vida. Ao final deste processo foi possível identificar os mecanismos protetores que mais contribuem para a manutenção do bem estar pessoal, tendo sido o trabalho o que, decididamente, propiciou uma condição efetiva de mudança pessoal e de vida.
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O PACIENTE E A INSTITUIÇÃO: QUE QUALIDADE DE VIDA?
Jacyara C. Rochael Nasciutti                         Neide Pereira Nóbrega                               Professoras do Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro
A discussão sobre a modernização dos serviços assistenciais nas instituições de saúde, principalmente no que se refere à internação (nos hospitais gerais ou psiquiátricos) tem se dado de forma intensiva nos diferentes setores envolvidos com a questão, embora nem todos os aspectos relevantes implicados nesta mudança tenham recebido a atenção necessária.
Assim, nosso interesse neste trabalho é o de analisar o lugar do paciente internado, sua condição de sujeito, bem como as questões institucionais ligada às práticas profissionais que envolvem as relações interpessoais entre equipe da unidade de internação e pacientes, estrutura determinante da inserção do paciente no hospital. Tal análise se pautará nos dados obtidos em nossas pesquisas realizadas em unidades hospitalares.
O objetivo é de conduzir uma reflexão sobre esse universo instituído, contribuindo assim para se pensarem estratégias que redefinam o lugar do paciente no hospital (inclusive as condições de alta) em que se traduzam, em última instância, na redefinição da sua qualidade de vida nessa situação.
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ESTUDO DA IDENTIDADE DE UMA ÍNDIA             SORORO (A BUSCA DO ENTENDIMENTO DE            COMO O CONFRONTO ENTRE A CULTURA INDÍGENA E A AUTO-DENOMINADA CIVILIZADA SE REFLETE NA CONSTITUiÇÃO DE UMA   IDENTIDADE)
Sônia Grubits Gonçalves de Oliveira
 
O objetivo a que nos propusemos para a realização dessa            pesquisa foi o de analisar a Identidade de uma índia Bororo idosa.
Para atingi-lo foram feitas 5 viagens à reserva indígena de Meruri, em Mato Grosso, onde obtivemos relatos de história-de-vida da índia escolhida, além de gravações em vídeo, acompanhadas de observações sobre seu ambiente e suas relações familiares.
Para reconstruir a cultura Bororo foi feito um levantamento de dados secundários acompanhado de observações e registros atuais desta cultura, sua organização social e costumes, complementado por contatos informais com os Salesianos. A análise da história-de-vida está embasada na concepção dialética de Identidade, enquanto supracategoria que se constrói no intercruzamento das categorias, consciência, atividade e sentimento. A fim de completar a análise do processo de Identidade, foram detectados os reflexos sobre memória e socialização. Olga se apresenta como Bororo, porém sua Identidade não se cristalizou como Identidade Bororo, nem como Identidade de civilizado. Estes diferentes personagens se estruturam de forma a lhe garantir o respeito e prestígio tanto no mundo Bororo, quanto civilizado e, também, estratégias de sobrevivência mais eficientes do que as da maioria dos Bororo. Nossa intenção com este estudo, é contribuir para a discussão sobre a impotência de políticas que possam favorecer uma negociação justa entre as nações indígenas e a sociedade nacional envolvente.
INTRODUÇÃO
No presente trabalho buscamos analisar a história-de-vida de uma índia Bororo, que vive uma situação crucial de transformação cultural, para interpretar os dados colhidos, buscamos seu sentimento, suas ações e a lógica da sua memória, a fim de configurar sua Identidade.
Nossa proposta que veio a se transformar numa dissertação de mestrado, apresentada no Programa de Psicologia Social da Pontifícia
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Universidade Católica de São Paulo e posteriormente no livro Bororo: Identidade em Construção, surgiu do contato de muitos anos com os Salesianos e todo o acervo de obras de arte, utensílios e documentos históricos reunidos no Museu do Índio e Biblioteca da Universidade Católica D. Bosco, além da constatação através da bibliografia existente e do próprio contato direto nas aldeias do Graça e Meruri, em Mato Grosso, Brasil, e os diversos problemas por eles enfrentados e                características dos contatos com a sociedade nacional, o que os coloca entre os grupos de risco de breve extinção.
Percebemos que de um modo geral, antropólogos, sociólogos e missionários indicam fatores sociais, culturais, econômicos e políticos para explicar a extinção. Ultimamente ecologistas também demonstram tal preocupação, devido a poluição dos rios, desmatamentos, confinamentos em reservas de grupos que no passado, como os Boro-ro, mudavam suas aldeias de acordo com a diminuição dos recursos de caça, pesca, colheitas e mesmo pequena agricultura.
A respeito dessas dificuldades, RIBEIRO (1986) cita como fator causal da transformação étnica, a incorporação dos índios nos circuitos de contágio de moléstias de que são portadores os agentes da civilização e tem como efeito a despopulação e o debilitamento dos sobreviventes. Refere-se também ao fato de que adotaram novos instrumentos e técnicas da produção, impondo a dependência da tribo aos agentes desses bens, o que pode gerar uma série de efeitos dissociativos sobre a vida tribal, o engajamento dos índios em um sistema produtivo de caráter capitalista mercantil, possibilitando a apropriação privada de suas terras e a conscrição dos indivíduos na força e trabalho regional, anulando a autonomia cultural, provocando profundo desequilíbrio na vida social dos indivíduos. Finalmente, cita a necessidade de redefinir as crenças, os valores, assim como as próprias consciências individuais, de acordo com a alteração de suas condições de existência.
A cultura indígena sofreu e ainda sofre impacto violento,                desorganizando-se por força do engajamento compulsório dos                sobreviventes num estilo de vida estranho às suas tradições.
A transfiguração étnica por que passam, reflete-se no interior do grupo, gerando um enfraquecimento das lideranças tradicionais, contestadas pelos mais jovens e mais identificados com os padrões não indígenas.
De um modo geral, podemos resumir assim os fatores                impor-tantes que contribuem para extinção do índio: a proximidade com a sociedade capitalista e a delimitação territorial das reservas implicaram no abandono da vida nômade e, conseqüentemente, à poluição do meio
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ambiente onde estão localizados, provocando doenças que os levam à morte. Em segundo lugar, a imposição de novas religiões 1àzem-nos perder suas re1erências, desorganizando-os social e culturalmente até levá-los a conflitos e desajustes em ambas as sociedades que os                  empurram à adoção de vícios, como o alcoolismo e prostituição. Finalmente, a imposição da própria civilização, com veículos de costumes alheios aos seus, quer na maneira de se vestir e de se comportar, quer na própria concepção de trabalho, com objetivo de educá-los., levam-nos à total desagregação.
Por força desse processo, observamos que a presença dos índios mais velhos da tribo constitui um elemento de resistência, estimulador das reservas culturais. São eles que tiveram a oportunidade de experimentar mais fortemente as mudanças transformadoras, dentro dos quadros de referência social e cultural passados e são os responsáveis pela integração grupal, podendo, portanto serem vistos como guardiões de uma tradição que vem se enfraquecendo paulatinamente. Eles experimentam a passagem vertiginosa da vida tribal para a sobre-vivência numa região exposta à dinâmica capitalista.
Por esses motivos, procuramos entender, na nossa pesquisa, o processo de desenvolvimento da Identidade de uma representante idosa da comunidade indígena Bororo, localizada em Mato Grosso, através de seus depoimentos. Essa pessoa se encontra em situação de choque cultural dupla, pois além de viver em duas culturas diferentes, uma delas está passando por transformações radicais. Assim procedendo, ao final, buscaremos um entendimento, daquilo que ficou da cultura indígena Bororo, do que ela representa diante das novas relações com a sociedade capitalista, na qual vem se inserindo progressivamente.
IDENTIDADE
Para compreendermos o desenvolvimento da identidade de alga, índia cuja história-de-vida analisamos, buscamos acompanhar, por meio de suas narrações, o movimento paradoxal das combinações de igualdade e diferença que apresenta em relação aos Bororo e aos civilizados. Ou seja, analisamos só movimentos em que, como pessoa, no contexto social, alga é igual aos Bororo ou aos civilizados e os momentos em que, como indivíduo é diferente de Bororo ou civiliza-dos, levando-se em consideração o convívio com o grupo étnico e a sociedade nacional.
Partindo do pressuposto, de acordo com CIAMPA (1984), de que Identidade é um processo dinâmico, dialético, em constante trans-formação. Assim, são os movimentos diários das ações, dos sentimen-
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tos e dos pensamentos, que vão construindo uma Identidade. Esses fenômenos ocorrem nas pessoas, em movimento de igualdade e diferença em relação às outras pessoas.
Além disso, nesse processo dialético de formação da                  Identidade, a pessoa representa papéis, ao longo de sua vida, em relação a si mesma e aos outros. Outro aspecto importante nos estudos sobre Identidade, é que mesmo sendo um processo dinâmico, pode ocorrer o fenômeno denominado cristalização, decorrente das normas sociais que guiam o comportamento dos indivíduos, ou seja, quando as atividades que o indivíduo desenvolve são normalizadas, tendo em vista manter a estrutura social, conservando as identidades produzidas, repondo               identidades pressupostas.
Acontece porém, que em oposição a cristalização, a                  metamorfose permite a reconstrução da Identidade, quando uma pessoa adulta, em situação de conflito, constrói novas Identidades, harmonizado-as com Identidades anteriores superadas, com a finalidade de elaborar numa história-de-vida peculiar a si mesma e às próprias interações, sob a direção de princípios e de modos de procedimentos universais.
Segundo HABERMAS (1990) para se conservar idêntica a si mesma, quando surgem conflitos, como a perda imprevista de ligações de inserção social, desemprego, imigração, guerras e outros, a pessoa se encontra diante da alternativa de se quebrar ou de iniciar uma nova vida. No último caso, para se conservar idêntica a si mesma, a pessoa reage mediante uma reorientação produtiva, que para além das divergências existentes, permita conservar a continuidade da biografia e os limites simbólicos do EU.
Entendermos também que a questão da Identidade se coloca de maneira diferente em diferentes sociedades. Nas sociedades capitalistas e socialistas, a configuração da Identidade ocorre a partir do modo de produção de bens. O modo de produção em uma sociedade, que é o modo capitalista, nos impede de ser verdadeiros sujeitos. A tendência geral do capitalismo é constituir, de acordo com CIAMPA (1984), o homem com mero suporte do capital, que o determina, negando-o enquanto homem, já que se toma coisificado.
Nessa mesma linha de pensamento HARBEMAS (1990) de-clara que estamos convencidos de que tão somente uma moral              universalista, que considere como racionais as normas universais e os interesses capazes de generalização, pode ser definida com bons motivos,e de que somente o conceito de Identidade do EU, que assegure ao mesmo tempo liberdade e individualização da pessoa singular no inte-
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rior de complexos sistemas de papéis, pode fornecer hoje, aos processos educativos, uma orientação capaz de obter consenso.
A sociedade é um fator essencial ao processo de desenvolvi-mento da Identidade e nesse processo que envolve a socialização, duas épocas são de terminantes: a infância, junto à família e idade adulta, quando participa de outros grupos sociais. No decorrer dessas etapas sucedem a socialização primária e secundária.
Finalmente, em relação à Identidade étnica, tendo em vista que estudamos questões indígenas, notamos que ela aparece, em trabalhos mais recentes, com uma conotação positiva ou negativa, a primei-ra, internalizada pelo próprio grupo, é valor de reafirmação, e a segunda, atribuição externa feita pela sociedade mais ampla, do mesmo modo, internalizada pelo grupo e representa sua condição de subalternidade.
A inserção étnica é marcada por contradições sociais e culturais que podem desembocar em formas de resistência, de recriação de valores e padrões que adquirem expressões políticas significativas. Por ela, o retorno à etnicidade e a formação de Identidades políticas, não se constitui como forma de regressão, mas como desempenho estratégico que permite reencontrar, na comunidade étnica, reconhecimento que as sociedades nacionais deixaram de lhes fornecer.
ÍNDIA OLGA E A CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE
Feita uma breve apreciação sobre a questão indígena no Brasil, na introdução e revistos os conceitos básicos de Identidade, que constituem o suposto teórico para este trabalho, tentaremos, apresentando fragmentos do discurso da história-de-vida da Índia Olga, demonstrar como foi possível na construção de sua Identidade, sua sobrevivência na reorientação produtiva de sua vida, enfrentando os conflitos de uma situação crucial de transformação social, entre as culturas Bororo e civilizadas.
Olga se apresenta como Bororo, porém sua Identidade não se cristalizou como Identidade Bororo, nem como Identidade civilizada. Sua Identidade é um processo em movimento nos conflitos e              contradições entre ser Bororo e ser civilizada.
Exemplificando: no seu discurso, quando ela fala. Tinha roça, mas tinha palmito, tinha cará do mato, tudo nós ocupávamos e                gostávamos. ela se identifica como Bororo. Em outros momentos quando relata que .agora o Bororo só joga bola: vai para o General, vai para o Paredão ai chega de lá e só bebe, o Bororo é o outro diferenciando-se
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do Bororo. Em muitas partes de seu discurso encontramos essas                contradições que apontam para o conflito entre ser Bororo e ser civilizada.
Em situações cruciais de transformação cultural, seus pensa-mentos, sentimentos e ações reorientam-se entre as divergências, permitindo o desenvolvimento de uma Identidade .bem sucedida do EU, conforme expressão consagrada por HARBERMAS (1990:79).
Olga reconstrói, durante sua história-de-vida, em situações de conflito, novos personagens, superando Identidades pressupostas tanto pelo grupo étnico quanto pelo civilizado, gerando-os e repondo-os. Habita os dois mundos e é reconhecida nos dois como liderança. Tem prestígio, é bem aceita entre os índios porque, além de possuir melhores estratégias de sobrevivência, representa o grupo através de seus conhecimentos como guardiã das tradições c também por prestar serviços como parteira e na prática de medicina natural. No mundo civiliza-do, o prestígio de que desfruta e por ser representante do Bororo tradicional e não do índio proletariado, alcoolista e dependente da ajuda e paternalismo do branco. Seu prestígio se deve também, ao fato de assumir responsabilidades na luta pela dignidade indígena.
Ela age, sente, e pensa ora mostrando o grau de influência da educação salesiana e cristã, ora mostrando sua marca étnica e conheci-mento dos costumes e tradições Bororo. Ou seja, revela sempre uma Identidade construída nos conflitos entre os sentimentos, pensamentos e ação de Bororo  e civilizado.
Notamos em outra parte seu discurso de história-de-vida em relação a tais conflitos que ela nos informa .tinha roça, mas tinha palmito, tinha cará do mato, tudo nós ocupávamos e gostávamos. Ago-ra eu estou velha não posso estar andando mais longa para buscar, e tem esse vinho de acuri que é melhor que esse vinho que vem de fora mesmo, não embebeda e ele parece que é depurativo, quando a gente no tempo da varicela, sarampo, os que ousavam beber não dava, não dava sarampo, nem varicela e mais adiante. Agora as coisas estão duras mesmo, é que agora não tem arroz, não tem milho. Mas graças a Deus meu filho tem lutado, nós temos milho criar essas galinhas e eu não morri naquele tempo, agora sou aposentada, e compro, ele compra arroz, ele trabalha, mas trabalha mesmo. Em relação ao seu prestígio nos dois mundos identificamos o seguinte trecho. Diz que nós vamos ter que fazer um encontro lá, então ela falou que queria que a comadre Leonilda fosse, mas achou ela assim meia assim fora de jeito que ela não parece comigo, parece mais branca, aí que ela lembrou de mim que eu podia ir porque eu sei o que os Bororo legítimos usam e fazem e eu entendo melhor e sabe ... eu sei falar melhor do que ela ..
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Além disso, os conflitos revelados podem ser explicados pelo fato de ela ter vivido parte de sua infância, até três anos, com sua família Bororo o que, apesar de não aparecer nos seus relatos, é sabidamente fundamental no processo de desenvolvimento da Identidade humana e somente mais tarde ter sido internada no Colégio Salesiano. Sua socialização primária ocorre, portanto, parcialmente numa cultura e, depois, na outra.
Olga é um exemplo de que o conflito cultural não põe necessariamente a pessoa diante da alternativa de se quebrar, mas de iniciar uma nova vida se ela não se cristaliza ou se subjuga à Identidade atribuída.
 
Entendemos que o estudo acima apresentado poderá contribuir para a discussão da questão indígena em diferentes enfoques, ou seja, numa visão mais sociológica, antropológica, jurídica ou mesmo eco-lógica, tendo em vista inclusive que a Constituição Brasileira, além de considerar o índio cidadão brasileiro, e portanto, com todos os direitos e deveres por ela atribuída, recomenda também o respeito às diferentes culturas e etnias das nações indígenas.
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VíDEO DE (E COM) JOVENS DA PERIFERIA DE     SÃO PAULO
Fernão C. Ciampa Lúcia Ghissalberti
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Trabalho realizado no primeiro semestre de 1995, com um grupo de jovens adolescentes de escolas da cidade de São Paulo, com o objetivo de criar um espaço de discussão das dificuldades e dos          problemas do jovem, visando à promoção de sua saúde. Este trabalho propunha ao grupo de jovens a realização de um vídeo dentro de sua própria ótica, a ser exibido na escola no final do semestre letivo.
O trabalho foi concluído, tendo sido criado o espaço de         discussão que interessou aos jovens que dele participaram. Pode-se considerar que a criação de tais espaços para os jovens representa uma forma de promoção de saúde; o tempo ocioso do jovem é preenchido direcionando atividades para expressões verbais e artísticas. O tempo livre, quando ocioso, é passado nas ruas ou dentro de casa. A violência das ruas parece assustar a todos e tomar os jovens incapazes de elaborar racionalmente a violência subjetiva da violência que os cerca.
O conteúdo das cenas cotidianas, que aparecem no vídeo         realizado pelo grupo de jovens, demonstra a busca de regras e normas frente à violência desordenada das ruas.
A utilização do vídeo foi importante para desenvolver a auto-imagem dos membros do grupo que podiam assistir a si mesmos no retrato do dia-a-dia.
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PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM MULHERES HIPERTENSAS: ABORDAGEM PSICOSSOCIAL
Sueli Terezinha Ferreira Martins UNESP/Bauru
Bolsa ao CNPq
O objetivo deste trabalho foi resgatar o processo saúde--doença em mulheres hipertensas, usuárias de uma unidade básica de saúde no município de Bauru, SP, buscando compreender quais os aspectos psicossociais que contribuíram para o desencadeamento da hipertensão essencial. Inicialmente foram entrevistadas 57 mulheres, na faixa etária entre 41 e 70 anos. Foram coletadas informações sobre a origem do individuo, trabalho religião, posição econômica, relaciona-mento familiar, saúde e expressão de sentimentos. Em seguida foram selecionados sete casos e realizadas entrevistas centradas no processo saúde-doença; causalidade; tratamento e controle. Os resultados indica-ram que os principais pólos de tensão vivenciados pelas mulheres, e que se relacionavam com a cronificação da hipertensão, giravam em tomo da relação homem/mulher; alcoolismo; agressão física à mulher e filhos; relação extra conjugal; doença do marido; diferentes concepções de relacionamento conjugal, dificultando a comunicação do casal. O trabalho fora de casa e a participação religiosa foram indicados como importantes no controle do nervosismo e da pressão arterial. Concluí-mos que os aspectos geradores de -conflitos e sentimentos negativos (raiva, medo, tristeza, vergonha) estão associados ao espaço privado, enquanto os aspectos positivos (trabalho fora de casa e participação em grupos religiosos ou não) relacionam-se ao aspecto público. O trabalho e a participação religiosas possibilitam espaço para relações sociais e desenvolvimento de atividades que aliviam as tensões do dia-a-dia. A religião, no entanto, atua como controladora de emoções e, diferente-mente do trabalho remunerado, toma-as mais dependentes de seus familiares.
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Uma produção:

Direção Nacional Biênio 1995/97