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Por Francisco Teixeira Portugal   
25 de February de 2007
COMPREENDENDO OS PRINCÍPIOS E AS DIRETRIZES DO SUS
Maria Gorete B. Moreira Pianissola (Especialista em Saúde Pública pela UFMG. Gerente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Ipatinga – MG.)

Para consolidação do SUS é necessário que desde o início da formação dos profissionais da área da saúde esses profissionais comecem a conviver e discutir seus princípios e diretrizes para que possam defendê-lo e principalmente contribuir como a sua efetivação. Isto porque é um sistema complexo já que seu objetivo maior é dar ao povo brasileiro o direito a saúde, no sentido mais amplo que é defendido pela Organização Mundial de Saúde “Saúde é o bem estar físico, psíquico e social” o que é defendido pelos profissionais de saúde pública. Este curso tem como objetivo descrever as noções básicas, no que diz respeito aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), desde o mandato da Constituição Federal de 1988. Os princípios e diretrizes podem ser assim enumerados: acessibilidade, define que a assistência deve ser universal e equânime, sendo a saúde um bem público, é portanto, um direito de cidadania a ser assegurado pelo estado; territorialidade, que é mais do que uma geo-demográfica definida, consiste num espaço de construção política e social de cidadania; integralidade, conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; hierarquização, forma de organização dos serviços que viabilize os princípios da universalidade, da equidade e da integralidade; complementaridade, garantia da utilização de todos os recursos existentes no serviços públicos e privados de forma a garantir o princípio da integralidade das ações seja no setor público e privado; descentralização, repasse aos municípios de recursos orçamentários; democratização, abertura de canais para participação da sociedade civil na formulação, acompanhamento e avaliação das políticas e planos de saúde; resolutividade, capacidade dos serviços de saúde de dar respostas satisfatórias aos problemas de saúde, individuais ou coletivos; dentre outros; desenvolvimento científico-tecnológico, adequação permanente; financiamento, garante o direito de repasse financeiros da União aos municípios mas não o suficientes, para a solução do grave problema do financiamento da saúde; universalidade, acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, objetivando solucionar todos os usuários solucionando seus problemas atendendo todas as necessidades, que deve estar disponível em estar por toda parte.

A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE COMO UMA FERRAMENTA PARA ANÁLISE DE FONTES JORNALÍSTICAS
Daniel Henrique Pereira Espíndula (Psicólogo (UFPE); Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES)

Sabemos que os diferentes meios de comunicação, como a escrita, são capazes de provocar mudanças essenciais, seja no campo das relações familiares ou nas mais diversas instituições. Todas essas informações podem ser tomadas como indicadores indiretos de opiniões, crenças, representações e comportamentos podendo ser utilizadas por aqueles que se interessam por processos psicossociais. A ampliação temática da pesquisa social permitiu a pesquisa se desenvolver sem que os indivíduos fossem abordados diretamente por entrevistas ou questionários. Dessa forma documentos institucionais, jornalísticos ou registros pessoais, puderam ser tomados como fontes de informações. Várias pesquisas com fontes documentais foram e vêm sendo desenvolvidas na contemporaneidade (Njane & Minayo, 2002; Ordaz & Vala, 2000; Aranzedo et. al.2005). Atualmente, a aplicação de softwares para os mais diversos tipos de análise na Psicologia é algo bastante reconhecido, o curto espaço de tempo na análise dos dados ou pela variedade de recursos na apresentação dos resultados é reconhecido como o seu diferencial. Dentre essas ferramentas tecnológicas disponíveis apontamos o Alceste – Analyse de Lexémes Coocurrent das les Ennoncés Simples d’un Texte – elaborado por Max Reinert (1990), capaz de realizar uma análise de conteúdo automática. Com o Alceste é possível trabalhar com textos, discursos, entrevistas, relatos, ou, no nosso caso, reportagens. Dessa forma, a proposta do presente mini-curso consiste justamente em divulgar formas alternativas capazes de contemplar a complexidade dos dados, o que muitas vezes se torna um entrave para o pesquisador.

ANTROPOLOGIA URBANA E PSICOLOGIA: DILEMAS DO ATENDIMENTO A GRUPOS POPULARES NO BRASIL
Emílio Nolasco de Carvalho (Psicólogo (UFES); Mestre em Psicologia Social (PPGPS/UERJ); Doutorando em Antropologia Social (PPGAS/UFRJ); Professor de Saúde Coletiva (Faculdade de Saúde e Meio Ambiente/FAESA))

Desde a década de 1980 os profissionais de saúde e, em especial para este mini-curso, os de psicologia têm se deparado cada vez mais com uma realidade social que insiste em não ser englobada pelos valores modernos da cidadania e da singularidade psíquica. A questão tornase ainda mais relevante com a participação crescente dos profissionais de psicologia nos serviços públicos de saúde ao longo da década de 1990. Este mini-curso tem como eixo central a análise das formas de difusão e reapropriação dos discursos e práticas “psi” (psicanálise, psicologia e psiquiatria) nos espaços urbanos historicamente à margem dos processos de modernização. Quais são os embates e os entrelaçamentos culturais existentes? Quais os limites, os impasses e as resistências? Na busca por novos olhares sobre estas questões,
o mini-curso está divido em dois momentos: o primeiro refere-se à análise dos processos de modernização no Brasil e na Europa, demarcando as descontinuidades e os impasses brasileiros para “civilizar o povo”; o segundo momento refere-se à análise de etnografias contemporâneas acerca das construções sociais de corpo, gênero, saúde e doença em grupos populares urbanos.

MÍDIA E FRAGMENTAÇÃO DA VIOLÊNCIA: QUE LUGAR PARA A PSICOLOGIA?
Nelson Gomes Junior (Psicólogo; Mestre em Psicologia (UFES); Professor e pesquisador da Unilinhares)

Os fenômenos relacionados à violência e a criminalidade têm sido uma preocupação freqüente da sociedade em sua maioria. Uma série de discursos, tentativas e estratégias vêm sendo implementadas nos mais diversos territórios sociais com vistas à redução deste processo. Em contrapartida, em direção oposta às ações de combate, os números relacionados à violência não param de aumentar. Frente ao problema, uma série de saberes científicos, e nestes incluemse os experts psi, são convocados a emitirem seus pareceres, a apontarem as causas e a mapearem as razões psicológicas para índices tão alarmantes. Fala-se da existência de uma verdade que o especialista psi seria capaz de desvendar. Como palco de debates, vemos a mídia cada vez mais abordando o tema da violência como algo socialmente relevante. Contudo, a participação da psicologia nos “palanques midiáticos”, tem se caracterizado, em muitos casos, como uma série de discursos fragmentados, sem articulação com a história, com o tecido social e recheada de naturalizações que buscam no indivíduo a explicação para uma gama de ações ditas violentas. O objetivo deste mini-curso é analisar algumas relações existentes entre mídia e violência, problematizando lugares possíveis para o saber psi, como ferramenta crítica de análise e intervenção. Acreditamos que as práticas a serem colocadas em análise não são naturais, nem tampouco sem história, portanto podem ser reinventadas e reutilizadas de modo crítico e menos individualizante.

DO HOSPÍCIO AO CONSULTÓRIO: ALGUMAS ANÁLISES DO DISCURSO PSICOLÓGICO SOBRE A INFÂNCIA.
Renata Monteiro Garcia (Psicóloga; Mestre em Psicologia; Professora da FINAC – Faculdade Nacional/ES.)

Os discursos psi sobre a infância têm ocupado lugar privilegiado em diversos espaços de nossa sociedade, como a mídia, a escola, os hospitais etc. Ouvimos com razoável freqüência uma série de discursos e diagnósticos sobre o comportamento das crianças. Verdades capazes de classificar cada aspecto considerado anormal: hiperatividade, déficit de atenção e comportamento opositor são apenas alguns exemplos de marcas registradas naqueles que escapam ao padrão desejado de comportamento e existência. A legitimação dos discursos especialistas sobre a infância pode ser datada historicamente. Aqui no Brasil é marcada por diversos acontecimentos do início do século XX, como, por exemplo, a inauguração do Pavilhão Bourneville (primeiro pavilhão para crianças do Hospício Nacional de Alienados) e a criação da cadeira de Pediatria na Universidade do Brasil, importantes analisadores para que possamos investigar o momento em que a infância se tornou objeto do saber científico no país. A partir de uma abordagem genealógica, interessa-nos analisar a emergência do lugar privilegiado dos discursos especializados e suas práticas sobre a infância, de modo a possibilitar um olhar crítico sobre nosso saber-fazer na atualidade. Nosso percurso tem início com a visualização de fotos e documentos do início do século XX e, a partir da discussão de aspectos históricos, colocaremos em análise diversos analisadores que vão das práticas do asilamento à corrida aos consultórios psicológicos.

O ATENDIMENTO PSICOLÓGICO DE ENVOLVIDOS EM VIOLÊNCIA CONJUGAL.
Danielle Cristina de Oliveira (Psicóloga (UFES); Professora da FIPAG; Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES)

O atendimento psicológico de envolvidos em violência conjugal no Brasil ganhou visibilidade pública, a partir da década de 80, com o surgimento de programas que acolhiam mulheres violentadas por seus parceiros. A atuação dos psicólogos no atendimento de envolvidos em violência conjugal esteve mediada pelas perspectivas teóricas de gênero e conjugalidade violenta construídas ao longo da história. Nesse sentido, para debater a temática proposta e analisar as configurações atuais sobre o trabalho psicológico com os inseridos em situação de violência conjugal na Grande Vitória, é necessário discutir os estudos tradicionais de gênero masculino e feminino e da violência entre cônjuges, apresentar novas tendências no estudo dos temas e resgatar algumas considerações históricas sobre a psicologia na promoção de saúde.
FALANDO DE GÊNERO, MATERNIDADE E FAMÍLIA: “ASSUNTOS DE MULHER?”
Sabrine Mantuan dos Santos (Psicóloga (UFES); Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFES.)

Mesmo com todas as transformações sócio-culturais que prevêem maior igualdade nos papéis masculinos e femininos, especialmente no âmbito do relacionamento familiar/conjugal, ainda hoje é difícil romper com as diferenças de gênero instituídas, com valores tradicionais de maternidade e paternidade, e escapar da contradição entre o moderno e o tradicional, permanecendo a disparidade em termos de direitos entre homens e mulheres. Atualmente questões relacionadas aos filhos, a casa ou à família ainda são associadas, direta ou indiretamente à mulher, que permanece com sua identidade ligada ao “ser mãe e esposa antes de tudo”. Assim, mesmo diante da configuração de novos arranjos familiares e conjugais, permanece a questão acerca de até que ponto os papéis tradicionais de esposa e, sobretudo, de mãe têm, de fato, ficado em segundo plano para a mulher atual, não mais sendo considerados como sinônimos de feminilidade, e em que medida as representações sociais de maternidade e paternidade tem repercutido nas vivências de homens e mulheres na família e na sociedade, e também na saúde da mulher, considerando saúde de uma forma ampla. Acreditamos que essas são questões que precisam ser discutidas, especialmente porque podem, ainda hoje, ser geradoras de sofrimento para mulheres, e certamente também para homens, que se deparam com as exigências atribuídas a cada gênero no contexto familiar e social. Tais questões também envolvem discussões outras como discriminação/exclusão, especialmente no campo do trabalho e dos direitos, violência doméstica, entre outras, que podem estar diretamente relacionadas às representações sociais de mulher/mãe e homem/pai ainda vigentes.

REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NA REFORMA PSIQUIÁTRICA
Wilma Fernandes Mascarenhas (Psicóloga. Coordenadora do Programa de Desinstitucionalização e Reabilitação Psicossocial do Instituto de Assistência à Saúde Juliano Moreira/SMS-RJ.)

O mini-curso objetiva analisar os desafios presentes no campo da Saúde Mental e da Reforma Psiquiátrica brasileira, enfatizando a atuação no âmbito da Reabilitação Psicossocial e problematizar a ação do psicólogo na construção de novas formas de cuidado na área da psiquiatria. Objetivos Específicos: Apresentar e analisar os conceitos fundamentais da Reabilitação Psicossocial. Apresentar os programas em curso, que constituem o campo da Saúde Mental na atualidade. Analisar os conceitos de contratualidade, inserção social e clínica ampliada, fundamentais na construção deste novo paradigma de cuidado em psiquiatria. Analisar o saber psi como ferramenta crítica de análise, intervenção e produção destes novos modos de cuidado.

SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS: O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM?
Maria Inês Badaró Moreira (Mestre em Psicologia (UFES); Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES; Professora do curso de Psicologia da FAESA)

Durante mais de um século, a atenção ao portador de transtorno mental, no Brasil, foi pautada em internações e asilamento, como conseqüência desta política este cidadão foi condenado à exclusão e ao abandono. Este procedimento hospitalocêntrico gerou um número elevado de moradores nas instituições psiquiátricas. Com as mudanças na saúde pública intensificou-se a implantação de serviços substitutivos de assistência em saúde mental, tendo como ênfase a busca de condições de vida mais dignas para aqueles que necessitam deste tipo de atenção e cuidados. Em conseqüência disto, procedimentos exclusivamente hospitalares tornaram-se inviáveis. Dentre estes, surgem os Serviços Residenciais Terapêuticos, alternativas de moradia para pessoas com longa internação em hospitais psiquiátricos, servem de apoio a aqueles que não contam com suporte familiar e social suficientes. Estes dispositivos funcionam como moradia, lugar de se viver, portanto as ações cotidianas são de um ambiente doméstico, com vistas à expansão de relações com o entorno social e a comunidade. No Brasil, existem 262 residências, em 14 Estados, no Espírito Santo, foram inauguradas duas residências terapêuticas, em outubro de 2004, com 13 moradores, outras três novas residências estão sendo estruturadas para inauguração, ainda este ano. No cenário de políticas em saúde mental este dispositivo tem se configurado, indiscutivelmente, como o mais eficaz e indicado para rompermos, definitivamente, com os muros das instituições manicomiais, uma vez que o exercício da cidadania e a dignidade de cada morador têm sido demonstrados em suas inserções pelo bairro e pelas relações que vêem sendo estabelecidas com a comunidade local. Este dispositivo vem garantindo a dignidade e liberdade para quem precisa de cuidados em saúde mental.

CRIAÇÃO DE SENTIDOS: APRENDIZAGEM HUMANA E PROMOÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO DO CÂNCER INFANTIL
Maria do Rosário Camacho (Psicóloga; Mestre em Educação (UFES))

A Psicologia tem primado por inserir uma vertente comunitária em sua prática. Os atores sociais têm sido convidados à participação em programas de desenvolvimento de habilidades. A organização Mundial da Saúde é órgão que tem fomentado tais programas de ensinoaprendizagem definindo habilidades de vida como “comportamentos adaptativos e socialmente adequados que permitem uma negociação eficaz com as situações do viver em sociedade”. A empatia encontra-se dentre as habilidades de vida relacionadas pela OMS. Estudando a aprendizagem que se realiza no enfrentamento da doença câncer infantil, CAMACHO (2003), observa que tal aprendizagem caracteriza-se por processualidade e criação de sentidos. O processo se dá em forma de pólos fronteiriços que, no enfrentamento da doença câncer infantil, apresentamse como Informação-experiência; Identidade-deformação; Negação-aceitação; Projetos-morte. Tais pólos movimentam-se em espiral e se encontram entrelaçados sendo, os entrelaçamentos, lugares onde a tensão entre pólos se faz presente. A criação de sentidos é atividade que se une à aprendizagem e favorece a resignificação do adoecer. Na rede de aprendizagem que constitui a criação de sentidos a empatia emerge como habilidade que promove o compartilhar de crenças. Viabilizando o “colocar-se no lugar do outro” a empatia torna-se fundamental como habilidade a ser inserida em programas de prevenção em saúde pública.

SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS DE SAÚDE MENTAL: PROBLEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS.
Maria Cristina Campello Lavrador (Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia UFES; Profa. do Departamento de Psicologia da UFES) e Anelise Gorza Nunes (FAESA)

No viés das propostas de descentralização, regionalização e integralidade das ações em saúde vêm sendo implantados serviços de saúde mental comprometidos com a extinção progressiva da assistência centralizada no hospital psiquiátrico. O movimento da Reforma Psiquiátrica vem contribuindo com a transformação da assistência em saúde mental e apontando para o processo de desinstitucionalização da loucura, que envolve a desconstrução da figura do louco como um doente que é considerado como perigoso, irresponsável, imprevisível. Como aquele que não sabe o que é melhor para si, que é desorganizado psiquicamente e que precisa ser tutelado, controlado e medicalizado. Desse modo, a desinstitucionalização da loucura pode se efetivar através da transformação dos saberes, das práticas e dos discursos que reduzem a experiência da loucura a uma patologia. Os centros de atenção psicossocial (CAPS) e os dispositivos residenciais terapêuticos inserem-se nesse contexto implicados com a desconstrução das práticas excludentes em relação à loucura e com a criação de possibilidades de cuidado irrestritas ao cotidiano dos serviços de saúde mental. Nesta perspectiva, colocam-se alguns desafios àqueles envolvidos com a proposta antimanicomial, tais como a participação integrada das equipes, gestores e usuários na elaboração de ações que operacionalizam o cotidiano dos serviços de saúde mental e a articulação desses com instituições existentes no território - comunidade. O território, desta forma, pode ser considerado como um parceiro capaz de fortalecer e ampliar a rede de cuidados em saúde mental no que diz respeito à elaboração de práticas comprometidas com a promoção de saúde, autonomia e expansão das possibilidades de atuação com relação à loucura. Visando propiciar um maior contato com o dinamismo espaço-temporal da cidade, bem como o resgate dos desejos pela vida e pela autonomia, entendida como prática de liberdade que exige uma experiência limite sobre si mesmo. O que implica a reinvenção da estética, da ética e da política em nossas vidas, enfim, em nossas práticas as mais diversas e as mais cotidianas. Esses são alguns dos desafios que se impõem aos profissionais de saúde mental.

“CAMISINHA FEMININA. E DAÍ?”
Janaína Mariano César (Graduanda em Psicologia pela UFES); Juliana Soares Rabbi (Psicóloga -UFES); Maria Amélia Lobato Portugal - Psicóloga e Professora Departamento de Psicologia - UFES

A presente proposta do mini-curso “Camisinha Feminina. E daí?” surgiu a partir dos desafios de se produzir espaços de discussão sobre sexualidade, práticas sexuais seguras e possibilidades de experimentar novas maneiras de lidarmos com esses aspectos de nossas vidas. O grande número de pessoas infectadas no Brasil pelo HIV, principalmente as mulheres, tem apontado para dificuldades de utilização dos métodos de proteção e desvelado uma intensa produção de estereótipos, preconceitos e maneiras de lidar com a sexualidade e o desejo. Tais aspectos marcam homens e mulheres, e os constroem através de processos históricos de constituição de identidade e subjetivação. No tocante aos profissionais da saúde que trabalham com aspectos relacionados à subjetividade, dentre eles a sexualidade, faz-se necessário uma intervenção em si mesmos, reflexão sobre as maneiras como vivem e sentem as questões às quais desejam trabalhar com o outro. Esse mini-curso tem como instrumento disparador o Preservativo Feminino, que se confirma como instrumento importante para o questionamento das relações homem-mulher, além de estar incluído nas atuais políticas públicas do Programa Nacional DST/AIDS do Ministério da Saúde. Este artefato tecnológico traz, segundo literaturas nacional e internacional, possibilidades de aumento do poder de influência feminina nas negociações sexuais, criando contexto que pode inclusive diminuir os riscos de transmissão do HIV e de gravidez não planejada. Além disso, visamos viabilizar discussões relacionadas à sexualidade e prazer, abordando de forma lúdica e participativa temas como DST/AIDS, métodos de proteção - com ênfase no Preservativo Feminino -, questões morais, de gênero, apoio social e empowerment, dentre outras. Esta perspectiva metodológica visa fomentar transformações nas relações sociais de dominação relacionadas às diversas vulnerabilidades à epidemia pelo HIV/AIDS.

NOVOS RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA PESQUISA EM PSICOLOGIA
Luciano de Sousa Cunha (Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES)

Programas de computador são conjuntos de instruções, usualmente escritas em linguagens específicas, mais ou menos similares às respostas verbais que usamos para dar instruções em situações de interação social. Desde alguns anos, psicólogos passaram a utilizar com maior freqüência softwares especialmente desenvolvidos para suas pesquisas ou mesmo softwares para estudos de princípios básicos utilizados em sala de aula, iniciando uma mudança tecnológica potencial, a qual está vinculada à introdução dos computadores na pesquisa em Psicologia. Deste modo, o desenvolvimento de novos métodos e técnicas específicas têm representado uma evolução nos métodos de pesquisa. Para o pesquisador, o planejamento e implementação de recursos tecnológicos têm sido muito vantajoso, possibilitando pesquisas cada vez mais dinâmicas, devido à facilidade na coleta, organização e análise dos dados coletados, além de construir ambientes experimentais adequados ao estudo de tarefas mais complexas e mais próximas daquelas realizadas em ambiente natural. O presente trabalho tem por objetivo apresentar algumas dessas linguagens de programação, uma discussão sobre as habilidades requeridas para que um pesquisador construa, programe e utilize estes novos recursos e apresentar alguns softwares utilizados em diversas pesquisas na área da psicologia.

ESTUDOS PSICOSSOCIAIS DE MANIFESTAÇÕES DA VIOLÊNCIA CONTEMPORÂNEA
Professoras: Gilead Marchezi Tavares (FAESA); Marcia Roxana Cruces Cuevas (FAESA); Roberta Traspadini (UNAM)

Abordar a cultura da paz nos remete, inevitavelmente, a analisar a produção da violência no mundo contemporâneo, bem como as práticas cotidianas que reproduzem concepções de violência e de paz descontextualizadas de um entendimento histórico-social que permita a compreensão aprofundada e coerente com a forma de organização social que mantém o status quo e que produz a naturalização dos fenômenos e a esvaziamento dos sentidos que tais manifestações carregam. Desta forma, o mini-curso proposto pretende compreender tais fenômenos dentro de uma perspectiva histórica que nos permita trazer à luz questões pouco enfrentadas pelas políticas públicas e trabalhos desenvolvidos pela sociedade civil organizada, via ONG’s e movimentos sociais. Questões estas que se encontram no bojo dos grandes problemas sociais, tais como: exclusão social, desigualdade social, direitos humanos. Pretendemos, ao invés de buscar subterfúgios para as explicações, mergulhar na atual organização econômico-social e refletir e agir na direção de estratégias que contribuam para a transformação desta nossa realidade.

O TRABALHO DO PSICÓLOGO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Ana Heckert; Maria Elizabeth Barros de Barros; Roberta Scaramussa (Universidade Federal do Espírito Santo)

O minicurso tem como proposta ampliar o debate sobre Saúde Pública, Saúde Coletiva, assim como problematizar os conceitos de Saúde, Trabalho e Gestão que têm pautado o trabalho do Psicólogo. Nessa direção, propõe uma analise do SUS: princípios, história e funcionamento, das Políticas Públicas e Governamentais em curso no Brasil e das experiências no âmbito da saúde pública no ES. Busca promover discussões sobre a relação estabelecida pela Psicologia como campo de saber, e dos psicólogos como trabalhadores, com o Sistema Único de Saúde. Coloca em análise as práticas dos psicólogos e seus compromissos ético-políticos, focalizando as tentativas de encontrar uma ‘identidade’ para o Psicólogo, definida a partir de uma formação assentada na dicotomia entre o subjetivo e o político, individual, grupal, social ou, ainda, pelas separações entre os diferentes campos de atuação: escolar, comunitária, clínica, do trabalho, judiciário. Tem, assim, como propostas a construção de diretrizes para sustentar uma posição ética que não se abstraia de seus compromissos políticos e, portanto, objetiva criar estratégias para a produção de práticas profissionais que se co-responsabilizem com a saúde de cada um e a saúde de todos sem separá-las.
 
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